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Afterparty | O inferno pode trazer boas lições

Imagine a seguinte cena: você e seu amigo estão em uma festa comemorando o fim das aulas, finalmente você está saindo daquele inferno que arrancou dinheiro e talvez não tenha te ensinado tanto assim, mas você descobre que na realidade era tudo uma grande brincadeira e dez minutos atrás vocês sofreram um acidente e morreram indo parar no inferno. Pois é meus amigos, isso é o que aguarda todos no game, Afterparty.

O pessoal da Night School Studio já tinha mandado muito bem com outro grande sucesso, que infelizmente nem todos conhecem, chamado de Oxenfree. A desenvolvedora que sabe muito bem fazer nossa cabeça e emoções funcionarem voltou, mas agora nos levando em uma viagem para o inferno, mas que se tudo der certo podemos retornar para o mundo dos vivos.

Durante a campanha jogamos com Milo e Lola, dois amigos que não aguentavam mais o colégio que finalmente tinha chegado ao fim. Conversamos com algumas pessoas e decidimos como queremos nos comportar naquele ambiente, já que nunca mais vamos olhar na cara daquelas pessoas #amém. Até que então, dois alunos entram procurando por nós dizendo que nossos pais sofreram um acidente, mas pela forma que eles falam você enxerga na hora que é apenas uma brincadeira, mas que infelizmente é feita pelos servos do diabo para contar que ambos estão mortos. 

Os diálogos e o modo que a notícia nos é dada é realmente interessante, afinal não existe melhor forma de te contar que você está no inferno passando pelo inferno humano que é o período escolar, em que as pessoas não querem saber de ninguém e são maldosas 80% do tempo. O jovem precisa realmente acabar, mas isso são detalhes que todos sabemos desde muito tempo.

Milo e Lola tem uma carisma e amizade única, que durante sua passagem pela terra de Lúcifer será testada em muitos momentos, principalmente após passarem por uma triagem e ganharem um diabo pessoal chama, Sister Mary Wormhorn, que mesmo sendo um diabo por fora, é apenas uma criança por dentro. Ela é quem irá testar os personagens, trazendo a tona seus problemas com a família – como é o caso de Milo com seu pai e Lola com suas irmãs. Wormhorn também fará em certos momentos uma retrospectiva de escolhas que você faz nas terras quentes, nos mostrando se aquilo foi bom ou ruim, e que mesmo as vezes irritante – mas divertido pelos toques de humor ácido – ela está ali de certa forma ajudando eles a entender a situação e conhecerem a eles mesmo.

Afterparty | O inferno pode trazer boas lições
Cena do game ‘Afterparty’

Também nos deparamos com Sam, uma taxista do submundo que leva a gente para pontos do mapa quando precisamos e quem nos guia nessa jornada falando o que devemos fazer para voltar ao mundo dos vivos. Infelizmente é uma personagem que acaba não sendo bem aproveitada, mas que quando está presente em cena apresenta os melhores diálogos e ainda com um humor ácido absurdo. O mais engraçado é observar como os próximos de Lúcifer o chamam de Luke, mostrando que o inferno pode trazer algo interessante para a vida dos protagonistas. Mas o caminho não será tão fácil, já que para chegar a mansão do Diabo precisamos participar de brincadeiras, como o Beer Pong – brincadeira muito popular nos EUA -, na qual devemos acertar a bola dentro do copo e o adversário deve virar tudo o que está dentro dele, e também competições de dança contra Asmodeus, irmão de Luci.

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O sarcasmo e a agonia andam juntas em Afterparty, principalmente quando estamos conhecendo lugares que por sua vez são meio nefastos e que muitos religiosos dizem ser para os pecadores. Mas o que encontramos é muito maior e que mesmo a pessoa mais santa pode ir parar por lá. Referências em bares como David Bowie, Amy Winehouse e Elvis, no formato de quadros falantes, dão um toque interessante nos dando uma mão de como a vida às vezes pode ser difícil e que caminhos por muitas vezes são tomados, mesmo que levem a sua morte. Igual quando Amy diz: “Não é minha culpa ser viciada em chocolate, afinal o mundo fez isso comigo. Mas invés de chocolate, era ecstasy“.  E por incrível que pareça temos até mesmo o próprio Lúcifer, que precisa sofrer uma intervenção familiar por conta de seu vício em álcool e jogos de aposta. Se nem pro Diabo a coisa tá fácil, então parece que estamos todos perdidos.

Mas isso é o mais interessante que Afterparty quer nos ensinar e mostrar ao seu público, que mesmo com todos os problemas e pelo que passamos, se persistirmos naquilo que é realmente importante sempre existe uma segunda opção, que é aquela que pode salvar sua vida e de muitas outras pessoas que estão ao seu redor. A amizade de Lola e Milo é  uma prova disso, que mesmo descobrindo coisas em comum, como sua união na escola ocorreu por ambos não se encaixarem naquele padrão de sociedade, ainda sim serão amigos mesmo que ocorram mudanças. Sentimentos são difíceis e nunca queremos perder alguém especial, mas invés de reclamar de tudo e que nada está perfeito, devemos aproveitar ao máximo o tempo que temos no plano terreno com aqueles que são importantes para nós, afinal nada dura pra sempre.

Afterparty | O inferno pode trazer boas lições
Cena do game ‘Afterparty’.

Os gráficos são ótimos e simples, a cor neon toma conta do ambiente, como se o inferno fosse festa o dia todo com os bares de tortura, música e jogos, o que também não deixa de ser verdade mas como estamos vivendo apenas uma noite, não posso afirmar o resto com certeza. O único pecado que o game acaba cometendo é os bugs que ocorrem em alguns momentos, como quando estamos no táxi de Sam e fica travando a cada quinze segundos, dando uma certa raiva na instabilidade que ele apresenta. Outro ponto ruim é sua mecânica que algumas vezes parece meio robótica, enquanto em Oxenfree era mais simples e não ocorria esse tipo de problema. Resolvo esse problema em apenas uma palavra: atualizações.

A dublagem do game é incrível, com vozes que muitos já devem conhecer, como a de Sam protagonizada por Ashly Burch – a Chloe em Life is Strange – e Dave Fennoy – Lee em The Walking Dead Game – como Lucifer. A escolha de Janna Gavankar e Khoi Dao, como Lola e Milo foi excelente acertando o tom de comédia e drama que os personagens precisam em cenas que são bem complicadas, necessitando de um lado comédia e emocional muitas vezes sendo um acerto claro com eles. O som ambiente também não deixa a desejar, já que sentimos sempre um som de balada mas também algo meio bad vibe, deixando o clima em certos momentos pesado. O único problema é que a música de fundo as vezes não condiz tanto com o ambiente, já que sempre vemos sempre as ruas do inferno cheias e com festa rolando, e então ocorre aquele silêncio constrangedor e deixando um pouco a desejar.

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Afterparty com toda certeza é uma experiência que todos precisam experimentar, já que nunca é tarde para aprender um pouco mais sobre você mesmo – mesmo que estejamos na pele de outra pessoa. Nunca sabemos o dia de amanhã, afinal é preciso estar vivo para morrer, mas se tem algo que aprendi com esse jogo é que os conflitos nunca devem ser maiores que o amor que sentimos pelas pessoas próximas de nós.

A vida é muito curta e delicada, qualquer coisa pode matar – seja uma gripe ou até mesmo um mero acidente -, mas devemos aproveitá-la ao máximo, sempre fazendo aquilo que sentimos vontade e que nos faça bem, principalmente com pessoas que se importam e fazem a diferença nesse período tão curto.

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Escrito por Guta Cundari

Do cinema para o jornalismo. Amante de filmes e games, fã filmes de terror trash e joguitos que duram meses. As Premiações pelo mundo todo que me aguardem e os noobs que sofram.

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