Jefferson Venancius Parece que quando somos mais novos há uma magia no ar. Uma ingenuidade, uma fé nas lendas, nas capas, nas histórias. Ao ponto de acreditar que éramos os heróis que amávamos nos jogos que amávamos e, é claro, nas capas dos games que alugávamos nas locadoras.
A internet era esparsa. Não havia acessibilidade a trailers ou gameplays. O que havia (se havia) eram os textos, as lendas urbanas, as coisas que hoje em dia se tornariam conhecidas como “bait” (isca em tradução livre).
Vamos falar sobre algumas capas de jogos que me surpreenderam (ou não). Por vezes as capas de alguns games desapontavam, e isso em alguns casos era bom! Você realmente escolheria jogar um jogo como “Chrono Trigger” na sua infância, não fosse a capa do Akira Toriyama?
E eu não entendia absolutamente nada sobre vários jogos – até porque localização era coisa de outro mundo. Mas jogar aqueles games me fazia querer entendê-los, e isso foi o que me fez aos poucos aprender inglês.
Principalmente nos RPGs, você podia conversar com todos os NPCs do mundo sem entender absolutamente nada e ainda assim prosseguir no game, mas se você compreendesse, as coisas seriam bem mais fáceis e o jogo seria mais divertido – uma pena ser impossível aprender japonês da mesma forma, pelo menos não a partir da nossa língua materna.
Minha época se iniciou nos 16 Bits, ou seja, Super Nintendo e Mega Drive, mas é claro que na era do Nintendinho e do Atari as coisas eram ainda mais… Ilusórias.
Abaixo deixo uma pequena lista em que me recordo de games que criaram em mim expectativas diversas.
The adventures of Batman & Robin
Este é, sem duvida, o meu jogo favorito do SNES. Uma coisa porém que sempre me encasquetou é que, bem, o Robin não é jogável, na verdade ele quase nem aparece. Não que o Robin seja grande coisa, quer dizer, eu particularmente gosto dele, quer dizer, depende, é o Robin.
A questão é que eu sou o filho caçula e não ter o Robin no jogo significava não poder jogar junto e passar a maior parte do tempo só assistindo, na esperança de que o jogador morresse logo e passasse a vez.
É claro que mais tarde eu entendi que esse jogo era baseado no desenho animado que passava na Record. E que mais tarde eu viria a assistir inteiro em inglês e se tornaria a minha animação favorita do Batman. Obviamente, visto que ela foi uma animação premiada que fez escola.
Mas antes nós não sabíamos disso, então criávamos teorias baseadas nos filmes que víamos e tentávamos adivinhar quem seria, afinal, o último chefão. E não, não era o Senhor Gelo.
Batman Forever
Esse tinha o Robin, mas era melhor que não tivesse. Aliás, era melhor que nem tivesse existido esse jogo. Um pecado para com a maior obra do Batman nos cinemas.
Verdade seja dita, nesse jogo dava pra jogar de dois então eu queria jogar com o pessoal, mas ninguém queria jogar comigo e pensando bem eu também não queria.
Se tivesse Fatality pelo menos, mas pegaram a parte mais chata do Mortal Kombat clássico, que são os golpes comuns.
Casper
Esse eu achava fenomenal, só que eu não conseguia sair do começo. Na verdade eu ainda não consegui. Mas fala sério, muito melhor do que jogar com o Gasparzinho. Quer dizer, você joga com o Gasparzinho, mas você joga mesmo é com a menina do filme dele.
Que também era a menina da Família Addams. Eu era gamado nela. Quem não era? Quem não era tava errado, porque tinha que ser.
Demon’s Crest
– É o jogo do demônio bicho!
– Filho não podemos levar este jogo é o jogo do demônio!
– Por favor…
– Ta bom.
– Que demoninho mixuruca kkkkkkkkk
Dragon’s Lair
Na verdade, todo mundo jogava esse direto porque tinha uma lenda que a moça ficava pelada. Ta revelada a lenda. Era difícil demais, mas pré-adolescente não desiste.
Se for contar cada game que fez sucesso quase que exclusivamente pelos hormônios da galera… Pessoal lucrou bastante!
Fatal Fury 2
Fatal Fury é Fatal Fury, Terry Bogard é o meu herói do estilo.
Na verdade, o meu sonho era ser caminhoneiro e andar vestido de Terry.
Na verdade ainda é, mas o governo não colabora.
James Bond Jr
O jogo do 007!
Só que é um 007 meio diferenciado, um 007 mais jovem, um 007 usuário de drogas, que luta com uns bichão estranho, uns homens louva-deus, uns negócio bizarro. E ele voa de helicóptero e tem um tênis que pula.
Dizem que é baseado em um desenho animado que foi cancelado rapidinho.
Mas tinha potencial, o erro foi ser feito pra criança, se tivesse sido feito pra adulto tava aí até hoje.
King of the Monsters 2
Eu nem sei o que eu tava pensando quando eu vi esse jogo, mas qualquer moleque tinha alugado isso daí também.
Só que eu fiquei com pena do povo que morava nas moradias lá, porque você andava pisando nas casas, daí eu tentava andar sem pisar nelas, mas não conseguia.
Meio triste.
Sonic Wings
Não tem o Sonic.
E na verdade é de avião, eu achei que fosse de ninja.
Sunset Riders
Esse foi uma decepção, mas uma decepção boa, ainda bem que me decepcionaram, que senão eu ia achar ruim.
Esse jogo é bom demais! Na fita que eu aluguei vinha outro bem legal também que chamava Wild Guns.
Pocket Monsters
Na verdade esse jogo nem é real, mas acabou sendo.
Eu achava que Pokémon era um desenho, daí eu pensava que esse era o jogo do desenho, só que na verdade o desenho é o desenho do jogo, só que não esse jogo.
Esse jogo é uma mentira, uma farsa, uma alegoria da ilusão, uma semiótica da irrealidade. Essas coisas.
Pokémon é um desenho também, isso daí é verdade, deve tá passando até hoje, inclusive. O Ash até diminuiu de tamanho, virou criança, virou menino.
Deve ser os hormônios, coisa de adolescente que tá virando adulto.
Samurai Shodown
Eu tinha certeza absoluta que esse cara tinha um bigode bem fininho, só que parece que ele não tem não.
Ou será que ele tem? Bem fininho mesmo.
Olha, pensando bem você não devia ler esse artigo não, porque ele tá muito ruim, mas se você leu até aqui é porque ele tá bom, e eu fico agradecido. Até a próxima!
