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O Auto Da Compadecida (2000) | Direitos Humanos

Ok, é bem provável que esse post acabe ficando pessoal, mas evitarei isso o máximo possível até o final.

É, também, bem provável que ele fique extenso, mas vou dar o máximo de mim para que não fique cansativo – Para este autor que vos fala, não vale a pena escrever algo que não fique, no minimo, interessante para os potenciais leitores.

Sim, eu falarei de um filme, filme este que é baseado na obra de Ariano Suassuna, mas meu intuito é ir um pouco além disso.

Eu acredito que todo brasileiro está familiarizado com O Auto Da Compadecida (2000), certo? Se você ainda não assistiu esse filme, peço que o assista antes e volte aqui depois.

É incrível como falhamos em ver coisas que por muito tempo foram estampadas na nossa cara. É incrível como no fundo, todos nós concordamos com algo, e é incrível como o ato de duplipensar nos cega.

Duplipensar:  É o ato de aceitar simultaneamente duas crenças mutualmente contraditórias como corretas, muitas vezes em contextos sociais distintos. Este termo foi cunhado por George Orwell em sua obra 1984 (1949).

“Saber e não saber, estar consciente de sua completa sinceridade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões que se cancelam mutuamente, sabendo que se contradizem, e ainda assim acreditar em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade e apropriar-se dela, crer na impossibilidade da Democracia e que o Partido era o guardião da Democracia; esquecer o quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza máxima: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra “duplipensar” era necessário usar o duplipensar.”

De forma resumida:

“O poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente.”

Dito isso, começo agora a relacionar a obra de Ariano Suassuna a religião e aos Direitos Humanos – Sim, os tais Direitos Humanos.

Já na introdução do longa, vemos João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) fazendo propaganda do filme “A Paixão De Cristo”. Aqui, já é interessante observar a forma como João Grilo e Chicó “vendem” o filme:

“Hoje a noite, na paroquia de Taperoá, vai passá a Paixão De Cristo! ” – João

“Um filme de Aventura! Que mostra um cabra sozinho e disarmado, enfrentando o império romano todinho!” – Chicó

“Não percam! A história de um vidente que é Deus E homem ao mesmo tempo!” João

“Um filme de mistério! Cheio de milagres e acontecimentos do outro mundo!” – Chicó

“A paixão de cristo! Filme mais arretado do mundo!” – João

Jesus Cristo é provavelmente um dos maiores precursores dos Direitos Humanos – ele com certeza é o mais influente (mas sobre isso, falarei depois).

A melhor forma de exemplificar o que quero dizer agora, é criar mini-resumos dos personagens (não todos) da obra, então lá vai:

João Grilo (Matheus Nachtergaele): O protagonista. Um homem pobre que a todo momento tem seus direitos humanos violados e que sobrevive com a sua esperteza.

Padre João (Rogério Cardoso): Basicamente, um aproveitador da fé. É interessante notar aqui como as coisas se tornam politicas mais tarde, com o Padre João idolatrando o Major Antônio Morais e como ele nega alento aos verdadeiros necessitados e até se aproveita deles (João Grilo, na introdução).

Bispo (Lima Duarte): O que vale para o Padre, vale para o Bispo (como o próprio Diabo disse).

Dora (Denise Fraga): A esposa adultera de Eurico. A grande importância dessa personagem para a obra se deve a como ela trata extremamente bem sua cachorra enquanto larga ao relento seus empregados.

Eurico (Diogo Vilela): O padeiro. Um homem com dinheiro, que por um tempo empregou João Grilo e Chicó, dando-lhes condições desumanas de trabalho – Ele chegou até mesmo a dar lascas de pão que foram “comidas por ratos” para João.

Severino De Aracaju (Marco Nanini): O chefe dos cangaceiros. Logo no inicio vemos ele implorar esmola e ser destratado por basicamente todos os personagens – Notem que João Grilo apenas o ignorou – Este fato foi um dos fatores para que ele tomasse a decisão de invadir Taperoá.

Ok, temos estes personagens definidos, certo? Se você viu o filme ou leu a peça do Suassuna, você sabe o que acontece com eles. Todos morrem na invasão dos cangaceiros e é exatamente a parte do julgamento a que mais me interessa. Não farei apresentações para o Diabo, nem para Jesus e nem para Santa Maria – O que farei, no entanto, é transpor alguns diálogos, que falam por si só – Peço que prestem bastante atenção neles e que tentem enxerga-los como metáforas:

“Deve haver aqui um lugar reservado aos eclesiásticos.” – O Bispo, para o padre, quando entram em cena.

“Escuta aqui Amarelo, você vai me pagar por essa história da Gaita. – Severino
Amarelo é sua Avó. Já morri mesmo, não vou ficar ouvindo desaforo de ninguém. Agora não tem pobre nem rico, valente nem frouxo. É todo mundo igual diante de Deus… Ou do Diabo! – João”

“Alguém já lhe disse que o senhor é muito mais simpático pessoalmente?” – O Padre, sobre o Diabo que se apresenta.

“Viu? Viu o que você fez? – Bispo
Eu só queria que ele mostrasse a cara dele de verdade! Pelo menos agora a gente sabe com quem ta falando! – João”

“Vamos… Vamos todos para o fogo eterno para padecer comigo! – Diabo
Oxente, pensa que é só dizer pra dento e vai tudo? – João
É isso mesmo, não tem por onde fugir! – Diabo
Que diabo de tribunal é esse que não tem apelação? Eu sempre ouvi dizer que uma pessoa antes de ser condenada, ela tem que ser ouvida! – João
Besteira… Maluquice! – Diabo
Besteira ou maluquice, eu apelo pra quem pode mais. Valei-me meu nosso senhor… Jesus Cristo!!! – João”

“Mas espere… O senhor é que é Jesus? Aquele que chamavam de Cristo? – João
Que chamavam não, que é Cristo. Sou, por que? – Jesus
Porquê, não é querendo lhe faltar com respeito não, mas eu pensava que o senhor era muito menos queimado! – João
Ora! Cale-se! – Bispo
Cale-se você! Eu sei que estava mais espantado do que ele e só escondeu essa admiração por prudência mundana. O tempo da mentira, já passou. – Jesus
Muito bem. A cor pode não ser das melhores, mas o senhor fala bem que faz gosto. – João
Obrigado João, muito obrigado. Mas você também é cheio de preconceitos de raça. Eu vim hoje assim de propósito, pois sabia que isso iria despertar comentários.” – Jesus

“E você, largue essa mania de tentar copiar minha aparência. Você sabe muito bem que não pode se igualar a Deus. – Jesus
Grande coisa! – Diabo”

“Esse Diabo é uma mistura de tudo que eu nunca suportei: Promotor, sacristão, cachorro e soldado de polícia. – João
Você tá muito engraçado agora, mas Manoel é justo, e a situação está favorável pra mim, e preta pra vocês. – Diabo”

“É João; realmente você passou da conta. – Jesus
De modo que o caso dele é sem jeito. É o primeiro que eu vou levar. – Diabo
Ah, você pensa que eu me entreguei? Pode ser que eu vá, mas não é assim não. Eu vou apelar. – João
Pra quem João? Você mesmo ouviu nosso senhor dizer que a situação está difícil. – Padre”

“Espere. A quem você vai se apegar João? – Jesus
Eu vou pedir pra alguém que está mais perto de nós. Por gente que é gente. – João” – João apela para Nossa Senhora.

“Grande coisa esse chamego todo que ela faz pra salvar todo mundo. Termina desmoralizando tudo. – Diabo
Você fala assim porque nunca teve mãe! – Severino”

“É que esse filho de chocadeira quer levar a gente pro inferno. Eu só podia me apegar é com a senhora mesmo. – João
Vou ver o que eu posso fazer… Intercedo por esses pobres meu filho, que não tem ninguém por eles. Não os condene. – Santa Maria
Eu apelo pra justiça! – Diabo
E eu pra misericórdia! – João
É preciso levar em conta a pobre e triste condição do homem. Os homens começam com medo coitados, e terminam por fazer o que não presta, mas quase sempre sem querer. É medo. – Santa Maria
Medo… Medo de quê? – Diabo
Medo de muitas coisas. Do sofrimento, da solidão e no fundo de tudo… Medo da morte. – Santa Maria
E é a mim que você vem dizer isso? A mim que morri abandonado, até por meu pai. – Jesus
Mas não se esqueça da noite no jardim, do medo que você teve que passar. Pobre homem, feito de carne e de sangue como qualquer outro e como qualquer outro também abandonado na hora da morte e do sofrimento. – Santa Maria
Medo da morte todo mundo tem e nem por isso as pessoas se tornam virtuosas. Em que é que esse medo fez, por exemplo, o padeiro e sua mulher se tornarem pessoas melhores? Medo da morte por si só, não redime os pecados. – Diabo
Mas na hora da morte as vezes sim! Na oração da Santa Maria, os homens me pedem para eu olhar para eles na hora da morte. E eu olho e rezo. E vejo que muitas vezes é que na hora da morte que eles encontram o que procuraram a vida toda. – Santa Maria
Foi o que aconteceu com Eurico e Dora, quando iam ser fuzilados pelo cangaceiro. Por isso, alego em favor dos dois o perdão que o marido deu a mulher na hora da morte, abraçando-se com ela para morrerem juntos. O mais ofendido pelos atos que ela praticava era ele, e no entanto, ele rezou por ela. – Santa Maria
Está recebida a alegação. Enquanto ao Padre e ao Bispo? – Jesus
Na hora da morte, eles também tiveram sua revelação. Eles seguiram seu exemplo meu filho, perdoando seus assassinos. Enquanto a Severino… – Santa Maria
Quanto a esse, deixe comigo. Não foi sua morte que o redimiu e sim a de seus pais. Com oito anos de idade ele conheceu a fúria que existe no coração dos homens. Ele não era responsável pelos seus atos. Está salvo! – Jesus
Isso é um absurdo! Contra o qual… – Dabo
Contra o qual… Já sei que você protesta. Mas eu não recebo o seu protesto, você não entende nada dos planos de Deus. Severino está salvo! Ele foi um mero instrumento da cólera divina. Severino meu filho, pode ir por ali. – Jesus
E nós!? – Bispo
Decida-se logo por favor que essa ansiedade é pior do que qualquer coisa! – Padre
Não diga isso. Você não sabe o se se passa lá embaixo. Qualquer ansiedade é melhor que aquilo. – Jesus” – Atentem-se a concepção de inferno e purgatório, onde o inferno representa a morte real e o purgatório, a prisão.

“Os quatro últimos lugares no Purgatório estão desocupados? – João
Estão! – Jesus
Pois então, pegue esses camaradas e bote lá. – João
Minha mãe, o que acha? – Jesus
Ah, eu ficaria muito satisfeita. Dá pra eles pagarem o muito que fizeram e ainda assegura a salvação deles. – Santa Maria”

“Pelo menos esse eu faço questão de levar! – Diabo
Você que é tão astuto, o que tem a dizer em sua defesa? – Jesus
Nada não Senhor! – João
Como não? Chegou a hora da verdade! – Jesus
É por isso que estou lascado; comigo era tudo na mentira. – João
Ainda bem que reconhece! – Diabo” – O Diabo abre os portões do inferno e João caminha para a danação.

“Você mentia para sobreviver, João! – Santa Maria
Mas eu também gostava. Eu acabei tomando gosto de enganar aquele povo. – João
Não. Porque eles lhe exploravam. A esperteza é a coragem do pobre! A esperteza era a única arma que você dispunha contra os maus patrões! – Santa Maria
Agradeço sua intervenção. Mas devo reconhecer que não vivi como um santo. – João
Tá se fazendo de humilde para ela tomar as dores dele. – Diabo
Do jeito que eu sou ruim pode até ser isso mesmo. – João
Não; não se entregue, João. Esse é o pai da mentira; ele está querendo lhe confundir! – Santa Maria
A verdade é que eu nunca vivi como um santo e nem tive morte gloriosa, como a de meus companheiros. – João
João foi um pobre como nós meu filho… E teve que enfrentar as dificuldades de uma terra seca e pobre como a nossa. Pelejou pela vida desde menino. Passou sem sentir pela infância, acostumou-se a pouco pão e a muito suor. Na seca, comia macambira, bebia o sumo do xiquexique, passava fome. E quando não podia mais, rezava. Quando a reza não dava jeito, ia se juntar a um grupo de retirantes que ia tentar sobreviver no litoral. Humilhado, derrotado, cheio de saudades. E logo que tinha notícias da chuva, pegava o caminho de volta. Animava-se de novo, como se a esperança fosse uma planta que crescesse com a chuva. E quando revia sua terra dava graças a Deus por ser um sertanejo pobre, mas cheio de fé. Por isso, peço-lhe muito simplesmente que não o condene. – Santa Maria
O caso é duro. Eu compreendo a situação em que João viveu, mas isso também tem limite. Eu acho que não posso salva-lo. – Jesus
Então; dê-lhe meu filho, outra oportunidade. – Santa Maria
Como? – Jesus
Deixa João voltar. – Santa Maria
Você se dá por satisfeito? – Jesus
Oxê! De mais! Pra mim é até melhor, que eu tomo cuidado com a hora de morrer e não passo nem pelo purgatório, que é pra não dá o gosto ao Cão. – João
Então, João; Fica satisfeito? – Santa Maria
De mais! Quem deve estar danado é o filho de chocadeira! – João” – Essa é pra mim a cena mais interessante do longa, não só pelo dialogo, mas pela escolha de mostrar fotos reais ao contar a história de João, mostrando assim que a história de João é a história de muitos. Ao fim desse dialogo, João vai se despedir de Maria e de Jesus e passa pelo Diabo. Este tenta ataca-lo, ao que é cegado pela proteção divina de Nossa Senhora.

“Meu Deus, o que foi que ele teve? – João
Na raiva, ele olhou para você e me viu! – Santa Maria”


Ok.

Bom, todo mundo que eu conheço – e isso desde criança – Ficou do lado de Jesus, Maria e dos acusados. Eu imagino que você também tenha ficado, seja qual for sua denominação religiosa, espectro politico ou ideologia em geral. Vocês já se perguntaram, afinal, por quê?

Isso acontece principalmente por termos sido apresentados aos personagens acusados. Nós conhecemos a história de cada um, por isso nós os tratamos como seres individuais dignos de empatia – Porque nos foi mostrado o espectro completo de cada um, não só o lado ruim, mas também o lado bom.

Vocês prestaram atenção na personalidade do Diabo, certo? Ele é um justiceiro raivoso que quer condenar a todo custo. Seja por justiça, seja pelo prazer de fazer justiça. Vocês percebem como é possível identificar o Diabo em tantas e tantas pessoas? O nome Diabo significa “acusador, opositor e questionador”.

Toda religião é uma ideologia e está extremamente ligada a politica, mas eu não quero entrar nesses detalhes – Pelo menos por enquanto.

O que eu quero atentar, no entanto, é a necessidade de todo ser humano ter uma ideologia. É natural do ser humano acreditar em algo.

A Santa Maria, aqui, é a grande protetora dos direitos humanos. Ela é “gente como a gente” como João disse. Ela entende que todo ser humano é imperfeito, tem suas falhas, é sim, cruel, mas também é bom. Todo ser humano é cruel e bom.

Quero atentar aqui que no quesito biológico, nós não conhecemos conceitos morais. O ser humano (animal) funciona completamente pelo seu instinto de sobrevivência. Ele se protege daquilo que tem medo, ele ataca aquilo que não consegue entender porque a coisa mais amedrontadora é o desconhecido.

Jesus é a balança da justiça. Os Direitos Humanos só funcionam quando há justiça, porque um não pode desrespeitar o direito do outro. É isso que significa o tal do “meu direito começa quando o do outro termina”.

Sempre que um dos Direitos Humanos é negado a um individuo, sua “alma” se corrompe um pouco, pois ele se afasta mais e mais da sociedade que não lhe dá lugar e lhe toma o básico do básico. Um mundo onde todos os Direitos Humanos são respeitados é um mundo onde as pessoas são melhores umas com as outras, porque nada acontece por um acaso. É obrigação da justiça e do governo fazer valer estes direitos e reeducar – que é completamente diferente de punir e engloba muito mais do que soluções imediatistas que não passam de uma anestesia para uma sociedade doente e por isso gera resultados reais – os cidadãos que desrespeitam o direito do outro.

O medo corrompe o homem. Uma sociedade gerida pelo medo apenas consegue trazer o que há de pior em nós. Se fosse realmente uma solução, estaríamos vivendo em uma utopia desde Antes De Cristo.

Bem, a partir de agora eu vou começar a me estender além do filme, então se quiserem parar por aqui, fiquem a vontade, mas eu recomendo que, se possível, leiam o que eu (e a Bíblia) tem a dizer.


Primeiramente, eu vou colocar todos os Direitos Humanos aqui. A minha intenção, inicialmente, era indicar pelo menos um versículo dos Evangelhos ou da Bíblia em geral que se encaixassem em cada um dos direitos – isso é completamente possível e só não o faço neste post pois cheguei a conclusão de que ficaria muito extenso; caso tenham alguma curiosidade sobre algum direito, fiquem a vontade para me questionar nos comentários. Jesus Cristo foi provavelmente o maior protetor dos direitos humanos e também sofreu com a falta deles (sim, antes mesmo dele existir de fato, tanto que podemos dizer que ele ajudou a cria-los). Se por um acaso quiserem pular essa parte dos direitos também… Tudo bem, o intuito deste post é divagar sobre o porquê deles existirem, e resumindo bem os Direitos Humanos vieram para garantir o básico: Dignidade, respeito, liberdade e justiça – para todos:

Artigo 1

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

Artigo 3

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5

Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo 6

Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

Artigo 7

Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8

Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo 9

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10

Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11

1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo 12

Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar.

Artigo 14

1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Artigo 15
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.

Artigo 17

1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.

Artigo 19

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo 23

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo 24

Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

Artigo 25

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26

1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo 27

1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.
2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29

1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30

Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.


Ok, passamos dessa parte. Agora vou citar alguns versículos bem básicos:

Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes.
Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.

Mateus 9:12,13

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

Mateus 11:28-30

Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.

Mateus 25:34-45

E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior.
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.

Lucas 17:20,21

Mas ai de vós, ricos! porque já tendes a vossa consolação.
Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque vos lamentareis e chorareis.
Ai de vós quando todos os homens de vós disserem bem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.
Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam;
Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses;
E dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir.
E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também.
E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam.
E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo.
E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto.
Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão.

Lucas 6:24-37

E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?
E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?
E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

Lucas 10:25-37

E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:

O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração,
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor.

Lucas 4:17-19

Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.
Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.

João 13:14-16

Oras, Jesus sabia que os privilegiados não precisariam de sua proteção, porque a maioria dos seus direitos já estavam garantidos pelos seus privilégios, Sejam quais fossem – Jesus costumava se opor bastante aos privilégios, mas não vou entrar muito nesses detalhes porque assim eu estaria falando sobre seu espectro político e este post visa certa imparcialidade.

Mas Jesus, em seu intimo, acreditava no céu na terra. Que nós poderíamos aprender a ser bons uns com os outros e que, se assim fosse, nada nos faltaria. Eu particularmente gosto de seguir um ponto de vista de Jesus mais afastado dos milagres e mais adjunto as ideologias (e por vezes ele se mostrou solidário a este pensamento, se quiserem também posso indicar alguns versículos depois).

Acredito que a melhor forma de entender realmente os Direitos Humanos é exemplificar com as leis da robótica de Isac Azimov:

  • Primeira Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
  • Segunda Lei: Um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
  • Terceira Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei.

Notem que uma lei se sobrepõe a outra. Assim são os Direitos Humanos: Eles garantem os meus direitos, mas também o do próximo, por esse motivo eu não posso ferir os direitos do próximo assim como ele não pode ferir os meus. Um ótimo exemplo para isso é o Paradoxo Da Tolerância, de Karl Popper:

“Menos conhecido é o paradoxo da tolerância: tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos tolerância ilimitada até mesmo para aqueles que são intolerantes, se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante contra a investida dos intolerantes, então os tolerantes serão destruídos, e a tolerância junto destes.”

Agora alguns pontos meus:

  • Um dos pontos principais dos Direitos Humanos é proteger o livre arbítrio, para que nenhum ser humano seja forçado a fazer algo por conta das circunstancias da sua realidade. Para que nenhum ser humano seja obrigado a se denegrir por sua sobrevivência.
  • A partir do momento em que os Direitos Humanos são desrespeitados, a razão é desrespeitada.
  • Proteger os Direitos Humanos é criar humanos direitos. Falando sistematicamente, a frase que melhor cabe aqui é: “melhor prevenir do que remediar”.

Sempre que os direitos são negados ao individuo, esse individuo se vê afastado pouco a pouco da sociedade como um todo e sente que não lhe deve obrigações. É aí que esse individuo vai, muitas vezes, ferir os direitos do outro – ou porque ele realmente não tem outra opção. Todo ato vilanesco possui um contexto por trás, e se não possui a pessoa não está sã de suas faculdades mentais e por isso deve ser tratada em uma instituição especializada. É obrigação do estado ressocializar este individuo (ou cuidar, para o caso de seres humanos que não são sãos), não puni-lo, pois toda punição forma um ciclo de horror. Se não com o individuo, com os seus semelhantes. A verdadeira crueldade é quando os superiores de uma sociedade sistematicamente tomam os direitos dos seus próximos a fim de sanar suas vontades egoísticas. Quando um superior se mostra contra os Direitos Humanos este, por sua vez, mostra o que rege o seu caráter: A covardia, o medo.

O medo sozinho é sempre irracional. O medo aliado a razão é prevenção. Mas a razão é muitas vezes deturpada, misturada a emoções. Como separar o joio do trigo? Bem, daí parafraseamos Platão: Buscando a raiz da ideia, criando perguntas sobre perguntas até finalmente encontrar o inicio. Quando o inicio não faz sentido nenhum, encontramos o medo sem razão – Este que deve ser combatido. Isso vale para o preconceito racial e para a homofobia, por exemplo – mas é claro, não somente.

Por último, gostaria de falar sobre duas frases contraditórias que, na verdade, se complementam:

“O homem é o lobo do homem” – Thomas Hobbes

“O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe” – Jean-Jacques Rousseau

O instinto animalesco não conhece conceitos como “bom” ou “mal”, o instinto natural só reconhece a sobrevivência. Instintivamente sentimos que atacar é a melhor forma de se proteger, e no entanto racionalmente entendemos que juntos somos mais fortes, que o ser humano precisa ser bom para sobreviver e viver confortavelmente. Essa é a luta humana contra o duplipensar que há em todos nós.

O ser humano é capaz de amansar até mesmo a fera mais feroz, porque ele acredita que a fera mais feroz pode aprender a ser boa. Contrariamente, o ser humano se torna incapaz de amansar o próximo, porque este não acredita que seu próximo possa aprender a ser bom para com ele, mesmo que este, por sua vez, conte também com a razão.
Um lobo amansado através do medo se volta contra seu domador, mesmo quando ele lhe supre todas as suas necessidades básicas.

A resposta é a influencia, não domínio; conformidade, não submissão – Parafraseando a teoria DISC do Dr. William Moulton Marston (criador da Mulher Maravilha).

Ok, esse assunto realmente dá um espaço enorme pra discussões e eu poderia sim discorrer por muito mais tempo, citando temas como o mercado de trabalho, o sistema prisional, prostituição e muitos outros, a única coisa que faço questão de salientar é que: Quanto aos Direitos Humanos, não adianta fazer meio trabalho, muito menos trabalho nenhum, não adianta proibir a prostituição e não dar garantias para que mulheres cis e transsexuais saiam deste ramo – Quando o fazem por necessidade, o que é a grande maioria – isso também é válido para o tráfico de drogas, por exemplo.

A luta contra a violência e opressão deve ser sistemática, não imediatista, a solução para a crueldade humana é passar pelo processo da benevolência e da justiça, só alcançaremos o paraíso quando nós criarmos o paraíso na terra.

Escrito por Jefferson Venancius

Escritor, redator, roteirista e músico. https://conde.carrd.co

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