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Resenha – Barakamon | Porque mudar faz bem

Barakamon (ばらかもん?) é um mangá japonês escrito e ilustrado por Satsuki Yoshino. A história gira em torno de Seishuu Handa, um jovem famoso em caligrafia, que é obrigado a se mudar para as remotas Ilhas Gotō, ao largo da costa ocidental de Kyushu, depois de agredir fisicamente um senhor que criticou seu trabalho. Saindo da cidade grande para morar em um local relativamente pequeno, o protagonista precisa se adaptar ao novo estilo de vida e encontrar uma forma de trabalhar. No caminho, ele conhece vários habitantes do lugar, como Naru, uma garotinha que adora entrar em sua casa atrás de diversão, Miwa e Tamako, duas meninas que costumavam usar a casa onde ele está morando como um clube e Hiroshi, filho adolescente do líder local.

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Se há uma palavra que descreve eficientemente este anime, é “simples”. A ideia de simplicidade está presente em todas as facetas da trama – todos os personagens levam vidas muito simples, têm motivações simples e atitudes igualmente simples para com as outras pessoas, que se resume em tratar todos de forma amigável para serem tratados assim também, e tudo o que acontece na ilha é bastante banal e mundano. Neste anime, tudo é bastante básico, com exceção de Handa, o protagonista, que é um calígrafo frustrado lutando para encontrar uma identidade para o seu trabalho – às vezes um menino rico e mesquinho, outras, um artista ousado. As lições que ele aprende em sua nova casa, ao abraçar uma vida mais despreocupada, descrevem seu arco e o tornam um exemplo para quem deseja levar uma vida mais tranquila.

Quando li a premissa de Barakamon – “Jovem se muda para o interior para encontrar um novo significado na vida e melhorar a sua arte” – pela primeira vez, quase desisti de assistir. Meu medo era que o anime se tratasse de alguma bobagem sobre o quanto a civilização moderna nos faz miseráveis e como nós precisamos nos reconectar com a natureza. Felizmente, essa não é a intenção desta história, cujo foco é nas interações humanas.

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E como são boas essas interações! A dupla que rouba a cena é Handa e Naru, sendo esta última uma das melhores crianças de todos os animes que já assisti. Eles têm as conversas mais divertidas e sensíveis de toda a série, e não é nenhum exagero dizer que assisti todos os episódios por causa desses dois. O resto do elenco é sólido, e embora esteja longe de ser tão carismático quanto os dois anteriormente mencionados, todos têm momentos engraçados e não são deixados de lado. Outro personagem, além de Handa, com um bom desenvolvimento é Hiroshi, mesmo que seu arco seja um pouco apressado – poderia ter sido melhor desenvolvido.

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Uma das melhores partes de Barakamon é a forma delicada como é representado o estilo de vida dos personagens – uma tarefa muito importante, considerando que é a base para o conceito principal do anime. Mesmo se você assistir os episódios sem som e/ou legendas, ainda conseguirá entender o estilo de vida dos aldeões pelo design dos personagens (cabelos geralmente curtos, roupas simples, como camisetas, shorts, sandálias, quase sempre vestindo uniformes escolares) e maneirismos. Isso tudo contrasta com o estilo de Handa, que está sempre inquieto, paranoico e usava quimonos tradicionais antes de mudar para roupas casuais, depois de ser integrado à comunidade. A exceção à regra é Hiroshi, que não ostenta o semblante despreocupado dos aldeões, refletindo seu desejo adolescente de viajar e correr atrás de sonhos, mas que ainda é incapaz de deixar sua cidade natal.

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Entretanto, a representação da simplicidade não é perfeita. Mesmo os personagens adoráveis não conseguem compensar algumas narrativas sem criatividade. Alguns episódios – como os do Festival de Verão e da praia – parecem servir apenas para “enchimento”, levando o espectador a se entediar.

Barakamon é simples e emocionante. Embora não tenha os temas ou personagens mais complexos, o anime cumpre tudo o que se propõe a fazer com competência, mesmo que pudesse ter sido ampliado em várias direções e escolheu não o fazer a favor da coerência. Por todas estas razões, e por ter, possivelmente, a melhor representação de crianças em um anime, recomendo que você o assista – especialmente se você estiver passando por um período particularmente caótica em sua vida.


Gostou? Tem mais! Confira: Resenhas de animes e mangás

Escrito por Louise

Amo, respiro e me alimento de quadrinhos, acho completamente normal se envolver emocionalmente com personagens de séries e filmes, e já vou avisando: NÃO MEXA COM MEUS HERÓIS!

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