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Vikings | Maturidade e ascensão definem a 4º temporada

Vikings nunca foi uma série tão prestigiada quanto nesta quarta temporada. Desde a sua estreia em março do ano de 2013, no canal History, ela não tinha tantos olhos voltados para as façanhas de Ragnar Lothbrok.

Vikings não é uma série qualquer, apesar de carregar os mesmos elementos narrativos de séries épicas, o drama histórico que o canal History apresentou ao expectador, foi ganhando maturidade com o tempo e conseguiu finalmente atingir o nível máximo de maturação com os 10 episódios que apresentou até agora de sua quarta temporada. Foram necessários três anos e três temporadas para isso acontecer, Michael Hirst (show runner da série) se esforçou ao longo do tempo e conseguiu passar por cima das críticas com maestria e produziu um produto que hoje entra na casa de milhares de pessoas que antes nem sabiam que a série existia.

Uma das coisas mais perceptíveis, pelo menos para mim, é o distanciamento que a série ganhou de comparações a Game of Thrones. Sempre quando se ouvia falar de Vikings era algo como “uma alternativa” a série produzida pela HBO. Hoje ela está diferente e novamente, ao menos para mim, eu vejo ela como única e não como uma alternativa.

É importante salientar que foram necessários três temporadas para evoluir a trama e também seus personagens. A série não precisou apenas focar nos embates, batalhas, sangue e nas barbáries causada pelos nórdicos. A série também soube dosar os pontos necessários em relação a necessidade de embasar a mitologia ( apesar de nunca ter sido algo forçado), mas também não tinha a necessidade de usá-la sempre. Na quarta temporada temos poucos ensejos dos mitos nórdicos e também do cristianismo, a série focou no que era necessário, na evolução dos seus personagens e na maturidade de sua narrativa.

A partir daqui o texto contém  spoilers. Para não estragar a sua experiência com a série recomendamos que se não assistiu a quarta temporada até o décimo episódio, que volte aqui depois que tiver zerado mais essa, ok?

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Hoje temos um Björn Ironside totalmente diferente das temporadas anteriores, a série mostrou ele se tornando um homem, que carrega no peito muito mais que o desejo por fama ou sucesso, mas que traz em seu impeto a serenidade e a liderança que poucos conseguem produzir. Ele ganhou o respeito de muitos, inclusive de seu pai, e de todos em Kattegat.

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Alexander Ludwig evoluiu demais como ator e todo o seu esforço foi importante para o crescimento de Björn em Vikings. Nem parece o mesmo que vimos nas duas primeiras temporadas de Vikings. O destaque vai para a cena dele sendo atacado por um urso, uma cena que se o Iñárritu assistisse ficaria com inveja.

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Lagertha foi a personagem que nos trouxe algumas reviravoltas e surpresas, apesar de ter recebido menos destaque nesta temporada em relação as anteriores, estão em suas mãos alguns dos melhores momentos desta quarta temporada. Como Earl Ingstad ela comandou um exército só com mulheres, mostrou que homem nenhum palpita na sua vida, e que rouba a cena somente quando é necessário. Apostamos que nos 10 episódios que ainda faltam para ir ao ar – o que acontecerá no segundo semestre deste ano – ela será mais trabalhada e nos mostrará muito mais do que já conhecemos. Katheryn Winnick continua arrebentando como sempre.

Veja também: ESPECIAL: VIKINGS | A lenda de Lagertha, a escudeira viking

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Mas o grande destaque desta quarta temporada de Vikings é a ascensão de Rollo. Ele sempre foi um cara que viveu à sombra do Ragnar. Rollo foi importante nas conquistas da Inglaterra e nos saques que fizeram pelo caminho, mas enquanto estava em Kattegat era um zero à esquerda. Tudo que Rollo precisava era de alguém para acreditar em seu potencial, ele queria ter seus próprios feitos reconhecidos, mas isso não acontecia, pois nas grandes jornadas dessa galera do norte, quem levava o mérito era sempre o rei, Ragnar no caso. Cansado dessa vida, ele decidiu se unir ao franceses para ficar contra o próprio irmão. Foi o Imperador Charles e a princesa Gisla que deram exatamente aquilo que Rollo sempre quis – uma chance de mostrar que pode ser dono dos seus próprios feitos. Essa ascensão começa quando ele aprende a falar o francês surpreendendo a esposa e se perpetua quando ele volta para casa depois de causar o segundo revés de Ragnar em Paris, dizendo “Deus abençoe Paris” em Latim e recebendo a glória do povo, algo que tanto sonhou durante todo esse tempo.

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Floki foi do céu ao inferno várias vezes, mas reconheço o quão importante para a evolução de Vikings ele é. Floki nunca teve meio termo, nunca esteve em cima do muro ele sempre foi um cara que seguiu seus instintos e todos eles consequentemente fazendo jus a “vontade” dos deuses. Floki é o ser místico, Floki é a mitologia pura que a série precisa. Isso faz relação com aquilo que eu disse no começo, não foi preciso impor mais mitologia nórdica série adentro, pois ela está totalmente na essência de Floki. E ele faz esse contrapeso necessário ao seriado e muito do que a série é hoje, muito dessa maturidade, foi ele quem trouxe. Toda a importância que eu falei, é mostrada claramente nos momentos finais do mid-season. Quando Björn vai até o local onde Floki está vivendo com Helga e o questiona sobre a cumplicidade dele com os fatos consumados em Wessex por seu pai, e posteriormente o convida para desbravar o mundo e ele aceita sem pestanejar.

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Ragnar está tão diferente nesta temporada que muitos vão dizer que ele não fez porra nenhuma. Muitos podem até se queixar da sua evolução como personagem, muitos podem se queixar do quanto ele se manteve longe do foco que Vikings sempre deu a ele. Mas ninguém pode se queixar que tudo isso que ele mostrou para nós, é resultado do fracasso psicológico da cabeça de um homem. O que Ragnar carrega na quarta temporada de Vikings, é um sentimento de culpa muito grande, um sentimento de fracasso e nenhuma pessoa consegue conviver com isso muito bem não durante um tempo. Suas expressões, seus olhares, a voz que não saía, as poucas palavras dirigidas à Aslaug, a perda de Athelstan, o sentimento de não se sentir parte de tudo que estava acontecendo à sua volta o levaram ao revés.

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Ragnar percebeu que muitos dos seus feitos não são nada quando ele mesmo não se sente parte de algo, muitas das suas conquistas ou do seu espirito visionário não valem de nada quando o que se tem diante das suas mãos é o fracasso. Ele até tentou fugir dos problemas quando descobriu o poder que o Ópio tinha sobre seu corpo, mas percebeu um pouco depois que essa fuga só o matava cada vez mais por dentro. Foi preciso sumir, se resignar, virar um eremita ou quase uma lenda, para poder se encontrar e retornar ao seu lugar de origem para traçar uma nova história. Quando a sua mente não suporta conviver com o fracasso e o sentimento de culpa com outras pessoas, uma das alternativas é sumir do mundo sem deixar rastros. Vide o caso de Luke Skywalker em Star Wars: O Despertar Da Força.

Veja também: ESPECIAL: VIKINGS | Ragnar Lothbrok – história e lenda do viking que devastou a Europa

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Vikings ganhou o que  precisava para amadurecer, uma junção de tramas que não envolvem apenas Ragnar, mas uma série de outras narrativas que traz qualidade ao enredo. Vikings tem muitos pontos que podem ser explorados e que são até melhores que a própria história de Ragnar, e isso ficará comprovado quando ela apresentar a história dos seus filhos. Quando os feitos de Ivar The Boneless e Sigurd Snake-in-the-eye surgirem em tela, meus amigos…. nós vamos passar a se importar menos com o que Ragnar fez ou deixou de fazer.

Enfim, Vikings mudou, Vikings ascendeu e Vikings amadureceu. Foi importante acreditar no potencial de Michael Hirst e de sua produção, foi até mesmo importante para o canal History produzir algo a altura de outras séries do gênero. Assim fez com que o espectador pudesse retribuir com o que sabe fazer de melhor, consumir episódio por episódio até chegar no limite de pedir mais mesmo estando satisfeito com o que viu. O resultado disso é ver que uma série que sempre teve um total de 10 episódios por temporada, hoje tem 20 e já está com a quinta temporada confirmada para 2017. Isso é ou não é ascender?

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E o melhor de tudo é que as narrativas vão ficar cada vez mais interessantes. Afinal de contas, teremos os filhos de Ragnar causando horrores no velho continente.

Veja também: Metade do exército viking era composto por guerreiras, dizem historiadores

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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