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Redação Indica #02 | Igor

Esta segunda parte da coluna Redação Indica é um esforço da minha parte em escrever de forma mais casual e menos impessoal (Acho que já comecei fracassando). Sou um dos responsáveis pela parte de quadrinhos no Proibido Ler e neste post não vou dar dicas de entretenimento que estão entre meus “Top 5 da vida” ou algo do tipo. O que você vai ler abaixo são recomendações de material que recentemente consumi e que causaram uma ótima primeira impressão e eventualmente fiquei viciado. Tá bem formal ainda, né? Foi mal…

1. LIVRO

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Eu não leio livros com frequência, mesmo porque trabalho com quadrinhos e não sobra muito tempo para literatura tradicional. O último bom livro que li no entanto não foi um romance de ficção, nem uma biografia ou algo do tipo e sim um livro didático chamado StoryStory é um livro sobre técnicas de roteiro e foi escrito pelo professor Robert McKee e se vale de exemplos práticos e linguagem muito simplificada para ensinar essas técnicas. O livro é bastante popular entre os estudantes de cinema e roteiristas, no entanto mesmo que você não seja da área é uma leitura muito interessante e gratificante e vale a pena ler para entender como um roteiro de filme funciona e o que ele precisa ter para se ter coerência. Como o próprio prefácio diz Story não é um livro sobre fórmulas e sim sobre forma. Ele te dá as ferramentas e não uma receita. Aqui você vai encontrar cenas clássicas de filmes como Chinatown destrinchadas, dicas sobre design de personagens, armadilhas que acabam fudendo alguns roteiros e isso tudo usando exemplos práticos em filmes bem populares. Para quem curte cinema e não só para quem trabalha com cinema, Story é uma leitura muito legal e nos dá argumentos para criticar melhor o material que consumimos. Depois de ler este livro você vai poder justificar o porquê de não ter gostado deste ou daquele filme.

2. MÚSICA

Eu não costumo escutar nada muito novo em termos de música. Praticamente tudo que consumo deste tipo de mídia são artistas que iniciaram suas carreiras nas décadas de 1970, 1980 e 1990 então foi bem difícil encontrar algo que tivesse chamado minha atenção recentemente e fosse novo. O que separei foi uma banda que conheci em 2007 através de um grande amigo e que até hoje escuto. A banda chama-se Horse the Band. O Horse para quem curte música extrema não é nenhuma novidade, os caras fazem uma mistura de Mathcore com Punk (eu acho), mas o diferencial pra mim são os teclados simulando sons de jogos de 8 bits nas canções, o que acaba gerando a classificação do som dos caras como Nintendocore

O vocalista do Horse, Nathan Winneke é um grande fã de quadrinhos e cultura pop em geral e isso se reflete diretamente nas composições da banda. Em sua discografia vemos exemplos de sua nerdice em canções como Hyperborea baseada nos contos de Robert E. Howard sobre Conan, o bárbaro; The Red Tornado – Isso mesmo! Baseado no personagem homônimo da DC Comics; A million exploding suns que acredito ser baseada no personagem Sentinela da Marvel Comics além de um sensacional e curioso EP chamado Pizza EP  com inúmeras referências às Tartarugas Ninja (inclusive usando o tema do desenho animado da década de 1990 em uma das canções). O Horse é uma banda extremamente violenta e agressiva, no entanto o som é imprevisível e por muitas vezes isso torna as músicas engraçadas e dançantes. Não é um tipo de música feito para relaxar, mas pra quem curte som pesado com uma proposta inusitada é um dica válida.

3. Cinema

É muito complicado dar alguma dica de filme que alguém não conheça. Felizmente hoje em dia o acesso a este tipo de conteúdo é muito fácil. Isso aumenta ainda mais minha admiração pelo pessoal que trabalha com a parte de cinema aqui no site, pois eles desenterram uns filmes que eu nunca vi na vida não sei de onde. Eu tenho meus filmes favoritos, é claro, mas como me propus a escrever sobre coisas que chamaram minha atenção recentemente tenho que citar não um filme, mas sim um diretor / roteirista que tenho acompanhado de perto no últimos anos – Ti West. Ti West é um diretor e roteirista americano que trabalha basicamente com filmes de terror e suspense. Pra quem é cinéfilo, logicamente os filmes do cara não são nenhuma novidade, tendo em vista que já estão por aí desde 2007, contudo pra mim foi uma grata surpresa assistir A casa do diabo, Hotel da Morte e o mais recente O último sacramento. hotd

Os filmes de West tem um ritmo muito peculiar e podem parecer lentos se comparados aos filmes contemporâneos do mesmo gênero. O terror nestes universos é mais angustiante do que horrível porque é gerado mais pelo clima do que pelas cenas em si. Em filmes como Hotel da Morte é tudo tão parado que isso gera um tremendo desconforto (pelo menos em mim) e torna a experiência de se assistir uma de suas obras diferenciada. A estética nos filmes de West também é um pouco incomum, puxando bastante para o retrô, além de geralmente a parte de som ter bastante destaque. Os roteiros do cara geralmente são bem simples e não tem nada de revolucionários e por isso de repente as pessoas até assistem algum trailer de um de seus filmes e ignoram, mas o desenvolvimento do conteúdo é bem incomum e isso acaba me atraindo de volta para a filmografia deste artista.

4. GAME

Eu confesso que jogo bem menos videogame do que eu poderia, mas muito mais do que deveria. Então fica complicado dar uma só dica de jogo. Vou separar então dois – um singleplayer e um multiplayer que me divertiram demais nos últimos tempos.

O singleplayer se chama Super T.I.M.E. Force e na verdade trata-se de (como os próprios desenvolvedores chamam) de um single player cooperativo. “Mas como funciona isso?” – Você poderia perguntar. Super T.I.M.E. Force é um jogo de ação em plataforma sidescroller e tem uma mecânica baseada em viagens no tempo isso faz com que toda vez que você morra volte alguns segundos antes de sua morte e jogue com a versão de si mesmo que ainda não morreu (É foda de explicar mesmo). Bom, eu vou colocar um vídeo de gameplay abaixo e acho que dá pra entender.

O fato é que com essa mecânica de viagem no tempo no meio da ação você pode colocar simultaneamente várias versões de si mesmo jogando ao mesmo tempo. Um chefe de fase que teoricamente você enfrentaria sozinha em Super T.I.M.E. Force você pode encarar com 8 ou até mais personagens controlados todos por você mesmo em algum momento no tempo. Isso torna a jogabilidade confusa? SIM! MUITO! Mas também é parte da diversão ir e voltar no tempo e tentar fechar as fases usando os recursos que o jogo te dá. A parte gráfica do jogo é linda e o elenco de personagens é uma homenagem a tudo de mais legal nos jogos de ação da década de 1990. Além disso temos diálogos e referências hilárias durante todo o curso da campanha.

O multiplayer que vou recomendar aqui passou despercebido do grande público pois teve a infelicidade (ou a felicidade) de ser lançado junto com os consoles da nova geração de videogames. Trata-se de Plants versus Zombies: Garden Warfare. O jogo é um shooter multiplayer em terceira pessoa com um sistema de classes  bastante elaborado. Naquela infinidade manjada de modos de jogo online Plantas e Zumbis da franquia do tower defense se enfrentam em cenários fofinhos e batalhas divertidas.

A mecânica do jogo em si não é nem um pouco inovadora: Mire, atire, mate (ou morra) e repita, mas o jogo por ter uma parte gráfica menos “pesada” e mais casual, com isso roda suavemente online em qualquer plataforma Além disso a migração da comunidade Troll multiplayer para títulos mais populares como Call of Duty ou Battlefield confere a este Garden Warfare um público bem menos interessado em taxas de Kill / death e mais interessado em diversão online. As classes são extremamente equilibradas, o visual é bacana e a mecânica de tiro atende os padrões básicos do gênero. Então pra uma pessoa como eu que é fã de jogos de tiro com classes como Team Fortress, PvZ é uma lindeza de tesouro escondido no meio de um festival de blockbusters superestimados.

5. SÉRIE

NÃO! Não vou falar de quadrinhos aqui! Tudo que eu faço neste site é voltado para quadrinhos e vocês já devem estar de saco cheio de ler as minhas resenhas. Por isso minha última recomendação será um programa de TV. E que programa… Spaced é uma criação dos atores / roteiristas Simons Pegg e Jessica Hynes no início de suas carreiras televisivas. A série foi ao ar de 1999 a 2001 no Channel 4 britânico e conta a história simples de dois colegas de quarto dividindo um apartamento no norte de Londres e fingindo que são um casal de namorados para a proprietária do prédio. Os 14 episódios de Spaced foram dirigidos por Edgar Wright (o cara responsável pela preciosa Trilogia do Cornetto além da magnífica adaptação de Scott Pilgrim para o cinema).

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O principal atrativo da série, além da direção surtada de Wright e do elenco incrível (que claro, conta com o indefectível Nick Frost como o melhor amigo do personagem de Pegg) são as referências descaradas à cultura pop. Muito antes de The Big Bang Theory e similares a série já mostrava o cotidiano do nerd na forma do protagonista, Tim. Games, Quadrinhos (Tim é desenhista e trabalha em uma comic shop), Filmes e tudo que envolve ser um nerd Britânico no fim da década de 1990 está ali. Diálogos afiadíssimos e velozes, atuações hilárias, personagens caricatos e surtados e roteiros cheios de referências. Spaced pra mim é a síntese do que um seriado nerd deve ser.

Então, espero não ter entediado vocês leitores com a minha tentativa de ser casual aqui no post. Espero que tenham curtido as dicas e aguardem. Na semana que vem outro redator do Proibido Ler vai fazer sua listinha.

Veja também: Redação Indica #01 | Felipe

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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