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Mapas Para as Estrelas (2014) | A “Hollywood” delirada de Cronenberg

Mapas Para as Estrelas é um filme perturbador. Talvez não deveríamos esperar algo diferente vindo de David Cronenberg, diretor canadense, que é muito conhecido por seus filmes bizarros e surreais, como “A Mosca” (1986) e “Marcas da Violência” (2005). Não muito obstante, temos o roteirista Bruce Wagner, que ficou 13 anos sem escrever nada, e aparentemente colocou neste roteiro toda a insanidade que ficou guardada durante todo esse tempo.

O  longa tem Hollywood como pano de fundo, mas não aquela que estamos acostumados a ver, e sim, um distrito repugnante, caótico, cheio de celebridades com atitudes, costumes e personalidades que beiram a aberração. Os personagens aqui retratados tem histórias marcadas por problemas psicológicos, incestos e episódios de esquizofrenia, além de muita futilidade, arrogância e uma soberba sem tamanho.

Mapas Para as Estrelas (2014) | A "Hollywood" delirada de CronenbergCronenberg mostra uma Los Angeles pilhada de loucura. Aqui nós temos um conto contemporâneo: a trama é voltada para a família Weiss, onde temos Stafford (John Cusack), um guru da autoajuda (que consegue ajudar todo mundo, menos ele); Cristina Weiss, a mãe, que administra a carreira do filho, Benjie (Evan Bird), astro mirim, do tipo arrogante, que aos 13 anos já passou por uma clínica de reabilitação e não está nem aí para nada; Agatha Weiss (Mia Wasikowska), garota piromaníaca, totalmente perturbada, que passou algum tempo no sanatório e está de volta à cidade para ser o epicentro do caos. Fora do circulo familiar, temos Havana Segrand (Julianne Moore), uma atriz decadente e cheia de vícios, que tenta de qualquer forma voltar a ser uma diva de Hollywood.

Mapas Para as Estrelas foi feito para você refletir. As coisas aqui não são explicadas ou sugeridas, são simplesmente jogadas e você tem que deduzir tudo, desde o começo. A partir da metade, o plot se forma e fica tudo um pouco mais compreensível. Mas não pense que ficou fácil, pois a cada cena que passa, a insanidade cresce. É algo perturbador e muito difícil de explicar, você fica o tempo todo com cara de “WTF” e, quando acaba, é pior ainda! Você fica pensando: Que diabos foi esse filme? É uma viagem!

Nós estamos acostumados a ver certos filmes ambientados em Los Angeles, mas não estamos acostumados a ver como são os bastidores ou, melhor dizendo, o submundo das celebridades deste mesmo lugar. Entre parasitas e oportunistas, nós podemos encontrar toda a sorte de artistas espalhados em festas, sets de filmagens, sessões de terapia e etc.Mapas Para as Estrelas (2014) | A "Hollywood" delirada de Cronenberg

A fotografia do filme segue a mesma premissa de filmes de suspense, regada a tons mais escuros e sombrios. A trilha sonora potencializa a sensação de perturbação, principalmente em cenas onde existe desgaste ou momentos perversos de cada um dos personagens.

Mapas Para as Estrelas (2014) | A "Hollywood" delirada de Cronenberg

Julianne Moore está maravilhosa como sempre, mesmo deixando transparecer que existe um incômodo em fazer a personagem. Ela faturou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes de 2014 por causa deste filme. Então, não há muito o que dizer além disso. Mia Wasikowska também não fica atrás, sua personagem tem uma evolução surpreendente dentro do longa, tanto Julianne quanto ela dão um “quê” a mais nesta produção. John Cusack está no seu melhor papel desde a última década.

Mapas Para as Estrelas (2014) | A "Hollywood" delirada de Cronenberg

Evan Bird está sensacional, ele consegue passar o esteriótipo de astro mirim arrogante, sarcástico que não se importa com nada nem ninguém. Porém ficou muito clara a inspiração do personagem em Macaulay Culkin.

Mapas Para as Estrelas (2014) | A "Hollywood" delirada de Cronenberg

A parte ruim fica pelos personagens adjacentes ou, melhor dizendo, quase figurantes. Como é o caso de Robert Pattinson, que interpreta um motorista de Limusine e aspirante a ator, Jerome Fontana. E também Carrie Fisher (a princesa Leia de Star Wars), interpretando ela mesma.

No mais, Mapas Para as Estrelas é uma viagem de Cronenberg, um festival de bizarrices, não existe um meio termo para a sanidade nem para a perversidade, só existe uma verdade que pode ser bem realista no seu ponto de vista e de Bruce Wagner. Ainda assim, parece um mundo de faz-de-contas ou um grande delírio Hollywoodiano que se passa como um devaneio na cabeça de quem viveu tudo isso de perto.


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Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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