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Equilibrium | Ação e poesia

Em um mundo sem emoções, não há violência, nem guerras, pois não há ódio, inveja, ganância, orgulho e muito menos ciúmes. Em um mundo sem emoções, mesmo que este seja terrivelmente cruel, não sofreremos, pois não sentimos nada.

Vale a pena abrir mão de todo o amor, felicidade, esperança, do prazer nas pequenas coisas, no pulsar que mantém cada ser humano vivo como quem verdadeiramente existe, por isso?

“É circular, você existe para continuar sua existência. Qual é o ponto?”

Em Equilibrium, temos um futuro distópico onde, após uma 3° guerra mundial estourar, foi decidido que o mal deveria ser cortado pela raiz, o ser humano deveria perder a capacidade de sentir.

Equilibrium  Ação e poesia 3

A população agora recebe doses de uma droga que inibe qualquer sentimento, tudo se torna indiferente, sem sabor, robótico, toda forma de arte é destruída, queimada para evitar que a tentação de sentir venha à tona e todos agradecem por isso. Quer dizer, todos que não sabem o que é sentir.

Pois sentir agora é pecado, uma doença, um vírus altamente perigoso que pode destruir a humanidade. O governo tem a cura e a cura se chama Clero Grammaton, uma espécie de policia cruel e ditadora.

Dentro deste Clero, temos o protagonista, John Preston (Christian Bale), um dos Sacerdotes mais renomados, um exímio soldadinho capaz de assistir e ordenar crueldades que deixariam qualquer pessoa com ânsia, sem pestanejar.

Equilibrium  Ação e poesia 1

Mas algo muda em Preston, ele é “infectado” e passa a questionar, pensar e no meio dessa confusão sua dose matinal de Prozium (a droga que inibe a capacidade de sentir) é acidentalmente destruída. Ele deveria, como um bom soldadinho, pedir uma nova dose, mas não o faz.

Tudo ganha vida, seus olhos agora percebe a beleza dentro do mundo cinzento, o prazer do tato, o sol, a chuva, tudo. Ele sente pela primeira vez e nós sentimos com ele, é incrível como o expectador também é tragado e consegue ver tudo com os mesmos olhos, pois agora ele sente empatia, compaixão, ele se sente mal ao ter que tomar decisões cruéis e passa a não querer toma-las. E o espectador torce por ele como se estivesse na própria pele.

Equilibrium  Ação e poesia

Preston tem consciência do que é sentir, ele não quer voltar atrás, mesmo que agora doa, ele nunca vai abrir mão disso e esse “pecado” o leva cada vez mais a lutar contra o sistema.

Tudo aqui tem cores frias e tudo que tem o poder de “tocar” tem cores quentes, fortes, de encher os olhos.

É um dos poucos filmes que me deram a capacidade de literalmente sentir, pois tudo o leva para esse âmbito, o melhor e pior lado do ser humano é mostrado, tudo é focado nos detalhes, a trilha sonora é eletrizante nos momentos certos e tem um foco principalmente nas batidas o que traz a sensação do “pulsar”. A música chega a fazer parte da trama em um dos momentos mais sincero. As cenas de ação são focadas no combate de curto alcance e tem estilo, violência e sangue, muito sangue!

Equilibrium  Ação e poesia 2

A poesia presente na obra faz com que o longa passe de um simples filme de ação para algo muito maior e filosófico. A mistura entre ação e poesia faz com que, além de tudo, se crie certa afinidade com os personagens, algo que em filmes de ação normalmente se perde. O longa tem, acima de tudo, profundidade e apesar disso ser grande, a profundidade nos detalhes é maior ainda.

“Mas eu, sendo pobre, tenho somente meus sonhos. Eu tenho difundido meus sonhos embaixo de seus pés, passos macios, porque você anda nos meus sonhos.”

Equlibrium é um longa de 2002 escrito e dirigido por Kurt Wimmer, mesmo roteirista de Código de Conduta e contando com nomes como Christian Bale (Trilogia Batman, O Operário), Angus Macfadyen (Jogos Mortais III, IV e V), Sean Bean (Game Of Thrones, Senhor Dos Anéis), Emily Watson (Ondas Do Destino) e William Fichtner (Prison Break, Cavaleiro Solitário).

A divulgação do longa o fez parecer como mais um Matrix, na época em que o mesmo estava no auge e provavelmente por isso passou despercebido pela maioria. Ao passar por ele, pode parecer só mais um de muitos, mas quando realmente consumido, bem… você vai sentir que encontrou um tesouro.

Veja também: O Doador de Memórias (2014) | Uma grande lição disfarçada de filme

Escrito por Jefferson Venancius

Escritor, redator, roteirista e músico. https://conde.carrd.co

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