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Deadpool 2 (2018) | Quando um filme é bom somente até a página 2

Deadpool (2016) foi um marco e não tem como falar que não. Ele foi o primeiro filme da Marvel que peitou o desafio de rodar uma produção inteira no R-Rated 17. Somente assim era possível fazer jus ao anti-herói nos cinemas. E, por causa disso, o longa não decepcionou. Nós respiramos o novo, sentimos o seu sabor, sentimos também o sorver de sangue na boca, sentimos certas balas varar nosso corpo e tudo se regenerar depois, assim como acontece com o Mercenário Tagarela. E, o melhor de tudo, nós nos divertimos no cinema como ninguém. Pode acreditar, não teve um filme em 2016 tão promissor, tão redondo e enxuto quanto Deadpool.

A classificação da faixa etária foi repetida em Logan (2017) e nós tivemos o melhor que o cinema já pode entregar do mutuna mais famoso da Marvel. Mas a partir disso, há o problema da expectativa. E este problema Ryan Reynolds chegou a comentar em uma entrevista que ele deu à imprensa sobre a sua saúde mental. Nesta entrevista ele fala que espera o pior de Deadpool 2 (leia na integra) É muito difícil fazer a sequência ser tão boa ou superior em relação ao primeiro filme. Deadpool correu este risco e, novamente, Ryan, o diretor David Leitch (John Wick: De Volta ao Jogo), os roteiristas e toda a produção envolvida sabiam disso.

Deadpool 2 coloca o assassino de aluguel Wade Wilson (Ryan Reynolds), popularmente conhecido como Deadpool, em uma jornada de autodestruição, após ter a vida abalada por uma grande merda. Tentando se reabilitar, o anti-herói junta-se aos X-Men e acaba envolvido no salvamento do garoto Russell (Julian Dennison, de Uma Fuga Para Liberdade), caçado pelo viajante do tempo Cable (Josh Brolin, de Vingadores: Guerra Infinita).

É nesta jornada, um pouco mais profunda que a primeira, que Leitch nos entrega um emaranhado de construções de cenas que nós já vimos tão bem no primeiro Deadpool, mas que aqui, de alguma forma precisou ser ampliado e, além disso, precisou ser mais gráfico e talvez até mais complexo também. As cenas de ação são incríveis, afinal, quem já viu John Wick sabe muito bem como o diretor faz isso como ninguém. E aí, nós somos jogados no inconsciente, na loucura e na forma de transcender tudo que ele (personagem) é fazendo com que o expectador sinta a sua alucinação no supra sumo. E quando isso acontece, há o desequilíbrio.

E isso pode até mesmo ser interpretado numa atitude que resvala em decorrência das consequências encontradas em sua narrativa. Mas não foi o que ficou registrado por aqui. Deadpool 2 é sensacional em vários aspectos, mas o excesso de loucura, da tentativa de se superar, mesmo rindo de si mesmo até em momentos que não deveria, deixou o filme sem aquela sensação que foi dita lá no começo. Parecia mais do mesmo, parecia que o que passava na tela eram cenas extras de um Blu-Ray numa edição de luxo. É um risco que ele correu e infelizmente pagou por ele. Vai batido pela maioria e que bom que seja assim. Afinal de contas, todo o humor presente no filme se sobressai em relação aos seus defeitos.

E até nisso é possível ver um exagero, um excesso, principalmente quando você consegue rir da primeira tirada, mas perde algumas que são feitas logo em seguida, justamente por ser uma atrás da outra. O resultado é o cansaço, e a espera pelo desfecho da história.

Deadpool 2 é um filme bom, você se diverte, fica impressionado com algumas cenas de ação, mas é só isso. Quando chega a página 2, o que se vê é um vazio. Esse vazio pode ser a sensação do novo que não existe mais ou de um personagem que se perde quando esmerilham ele até se tornar pó.

Escrito por Bruno Fonseca

Fundador e editor-chefe do PL. Jornalista apaixonado por quadrinhos, filmes, games e séries.

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