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Chocante (2017) | A efemeridade da fama

Com grande apelo nostálgico e referências que vão desde o famigerado quadro dominical do final dos anos 90 e inicio de 2000 – Banheira do Gugu – até Sônia Abrão e seu bordão “vamos falar de coisa boa”, Chocante é sem dúvidas, um ar novo para as comédias brasileiras.

Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, a premissa do filme é bem simples: um grupo de sucesso dos anos 90, que 20 anos depois resolvem fazer um revival.

Num primeiro momento, pode soar clichê, mas o filme vai  além disso. Trabalhando com imaginário saudosista de quem viveu aquela época e mesmo de quem não viveu, consegue entender referências e sentimentos.

O Grupo Chocante, e vou enfatizar aqui que é um grupo e não uma banda –  o que ajuda a entender a narrativa do filme -, por banda, temos a união de pessoas com idéias similares, sonhos, uma proximidade e algo que já os acompanha, fazendo com seja algo muito mais pessoal, diferente de um grupo ou conjunto, na maioria das vezes formados por empresários, com pessoas diferentes, sem nada em comum, a não ser talvez um rostinho bonito e o carisma com o público.

Com Bruno Mazzeo, Bruno Garcia, Marcus Majella, Lucio Mauro Filho, a formação “original” do Chocante, nada mais é do que a junção de diversos “losers”, que não souberam seguir a vida após o fim de seus 15 minutos de fama e ainda estão presos na adolescência. Todos seguiram suas vidas, mas obviamente nada glamouroso, com profissões que vão desde médico do Detran até locutor de supermercado. Mas é possível ver o resquício do desejo de reconhecimento e a frustração com o “fracasso”.

A alternativa para conseguir voltar aos holofotes, é a entrada de um novo membro, Pedro Neschling, um personagem completamente deslocado da vivência dos demais, inadequação da colisão dos anos 90 com o perfeito retrato do ídolo teen influencer, que vive nas redes sociais, nessa era onde o compartilhar é mais importante do que talento em si.

Muito além do humor, o filme traz uma melancolia discreta, um lado afetivo e as relações de amizade e familiares, tratando todas essas relações humanas dentro do humor. É um filme que com certeza se destaca no gênero, fugindo do padrão de comédias do cinema brasileiro.

 

Escrito por Bianca Heredia

Publicitária frustrada, discípula do Homem Aranha e tiro cochilos nas horas vagas.

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