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HQ do Dia | The Omega Men #1

Omega Men é uma antiga franquia da DC Comics criada originalmente por Marv Wolfman e Joe Staton no início da década de 1980, que faz parte do elenco cósmico da editora figurando principalmente em títulos relacionados aos Lanternas Verdes.

A premissa básica de Omega Men é a de um grupo de guerrilheiros espaciais renegados que lutam para libertar seu sistema planetário (chamado Vega e composto por vinte e cinco planetas habitáveis) da tirania dos clones da HQ do Dia | The Omega Men #1Cidadela – uma base militar estabelecida em uma das luas de Vega.

Com a chegada da nova linha de publicações da DC Comics, ficou a cargo do co-autor da ótima série de ação/espionagem “Grayson”, Tom King e do desenhista estreante Barnaby Bagenda a tarefa de adaptar este elenco e conceito para o universo atual da editora.

Uma coisa que o leitor mais casual tem de ficar atento ao escolher a leitura de The Omega Men é que este definitivamente não é um típico gibi pra se ler de maneira casual. Primeiramente porque a história mostrada nesta primeira edição é continuação direta da prévia de oito páginas divulgada durante Convergence, que mostra os Omega Men assassinando brutalmente o Lanterna Branco, Kyle Rayner (não é spoiler) no melhor estilo ISIS.

Segundo porque Tom King não faz a menor questão de escrever a revista de maneira “mastigada”. Como em um thriller de ação militar, o autor (que por anos trabalhou na divisão anti-terrorismo da CIA) joga conceitos, linguagem e maneirismos do elenco na sua cara logo nas primeiras páginas e não temos aquele formato de roteiro amistoso e sim cenas de ação muito violentas e movimentadas que por vezes podem parecer sem sentido. Terceiro que, tirando algumas exceções, não fica claro quem são exatamente os protagonistas aqui. Os Omega Men não são mocinhos, não são altivos, não jogam limpo e suas intenções não são muito claras a princípio.

Então o que há para se gostar neste roteiro? A falta de condescendência do roteirista com o leitor cria um fenômeno interessante que é um entendimento de camadas narrativas em uma eventual releitura. Leia a primeira vez e a quantidade de informação solta somada a um ritmo de ação epilético vai te deixar atordoado.

Leia uma segunda vez e você provavelmente vai começar a identificar um pouco das personalidades dos principais protagonistas desta série e perceber leves analogias ao terrorismo no contexto atual. Portanto, por mais difícil que seja gostar deste título em uma primeira leitura, com o tempo este elenco e o jeito pelo qual a história é apresentada acabam cativando um leitor um pouco mais paciente.

Visualmente na primeira edição de The Omega Men, Barnaby Bagenda usa um artifício que à primeira leitura não pode ser percebido pelo leitor mais desatento: grande parte destas páginas são divididas em nove quadros retangulares criando uma simetria quase que entorpecente que contrasta brutalmente com a aparente “confusão” no roteiro.

Alguns quadros por vezes se fundem em 2 ou 3 painéis maiores e o ilustrador também não se furta de utilizar páginas inteiras para apresentar algumas cenas mais chocantes visualmente, mas no geral esse formato mais “empacotado” cria um efeito visual simples e quase que imperceptível, mas que torna a leitura (e uma eventual releitura) bem confortável.

O design de personagens em The Omega Men é notavelmente cuidadoso e detalhado. Todo sujeito que aparece em cena é minuciosamente retratado em tons “marmorizados” e expressões bem apropriadas ao roteiro. Uma arte que difere um pouco da linha de quadrinhos da editora por mergulhar fundo no aspecto sci-fi clássico do visual, mas com um estilo de colorização bem épico.

A edição de estreia de The Omega Men se diferencia de todas as publicações da nova linha de quadrinhos da DC Comics após a saga Convergence por um simples motivo: o gibi em momento algum subestima a inteligência e percepção de seu público alvo. Isto aqui é indigesto. Isto aqui tem muitas camadas. Isto aqui não vai passar a mão na tua cabeça e sentar contigo pra te explicar o que diabos está acontecendo.

Em um mercado que atualmente trata boa parte de seu público alvo como consumidores acéfalos, Tom King e Barnaby Bagenda podem se orgulhar de tratar seus leitores como seres humanos perfeitamente capazes de entender uma trama de ação político/militar com um objetivo a longo prazo. Isto aqui definitivamente não é para todo mundo, mas para quem experimentar e gostar da primeira edição estamos diante de uma grande promessa para esta nova linha de publicações da editora.


Veja as outras resenhas dos primeiros títulos da DC pós-Convergence:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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