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HQ do Dia | The Sandman: Overture #4

Sem muito alarde ou aviso nesta quarta-feira chegou às bancas a quarta edição da mini-série em seis partes – The Sandman: Overture, retorno do genial Neil Gaiman a sua criação mais popular com a arte transcendental de J.H. Williams III que conta uma história prévia aos eventos da aclamada série da Vertigo.

Quando vimos Oneiros e seus companheiros (Hope e o Gato Sonho) pela última vez na longínqua edição número 3 (publicada em Julho passado), o senhor dos Sonhos se encaminhava em direção à Cidade das estrelas – um lugar onde (o nome já explica) somente estrelas podem entrar. No entanto, Morpheus deve entrar e solicitar umaThe Sandman: Overture #4 audiência com a Estrela insana que ameaça causar o fim de toda a existência. O roteiro é divido entre o lindo debate na cidade dos astros e uma divertidíssima visita de Sonho a seu pai. Isso mesmo! Existe um PAI  dos Perpétuos. E ele é EXATAMENTE como você, fã de Sandman imagina, mas não vou estragar a surpresa. Gaiman alterna sem dificuldade e de maneira suave entre as duas linhas narrativas que se interligam e de quebra ainda insere um belo mini conto remontando ao passado de Morpheus e explicando porque Sonhos devem morrer algumas vezes.

Desnecessário dizer que Gaiman está muito mais direto, sagaz e confortável com este elenco e com o roteiro nesta edição do que em todas as outras 3. O autor nos transporta diretamente para a casa de nossos pais nos diálogos entre Sonho e Tempo. É um debate familiar e totalmente relacionável (por vezes você vai se ver conversando com seu pai), mas ao mesmo tempo o conceito do Tempo como uma entidade é explorado de maneira simples, mas não menos magnífica pelo roteirista. Nas partes na Cidade das Estrelas a insanidade e a imponência predominam. O autor intencionalmente escreve de forma a “encolher” Sonho e seus companheiros perante as Estrelas. O antagonista principal é revelado em toda a sua glória e loucura em diálogos que beiram o devaneio, mas estamos falando de uma estrela louca, então a intenção foi essa mesmo.

Novamente faltam palavras para descrever a arte de J.H. Williams III. O sujeito nasceu pra desenhar Gaiman e levanta mais ainda o nível de apresentação em relação às edições anteriores. Nas cenas com Tempo, Williams mistura dois e por vezes três tipos de estilos de desenho na mesma página, se valendo de técnicas distintas misturando pinceladas que parecem em óleo com cores opacas e painéis com cores chapadas em forma de vitral. Alternando a todo momento entre traço clássico de quadrinhos e realismo fotográfico sem fazer nada parecer recortado ou deslocado. Enfim, novamente é um banquete visual esta edição. O enquadramento é um pouco menos desconcertante e mais “reto” do que nas outras edições. Talvez por conta do roteiro um pouco mais direto desta edição. Mas nada disso torna a arte em Overture menos impressionante.

The Sandman: Overture #4 é um presente de Neil Gaiman e J.H. Williams III. A história mistura perfeitamente o novo ao familiar. Somos apresentados à aspectos novos de Oneiros e sua mitologia e relembrados das razões pelas quais somos apaixonados por estes personagens. Simultaneamente a equipe criativa nos conta uma história que se move em direção a um desafio maior que tudo que os Perpétuos já presenciaram. Um conceito gigante, mas fácil de ser compreendido é apresentado por Gaiman e Williams, coisa que poucos autores conseguem hoje em dia. Overture é uma colcha de retalhos feita de delírio, insensatez, beleza extrema, nova, velha e atemporal prontinha pra te cobrir em uma noite de mistério. Bons sonhos, sonhadores.

Leia todas as resenhas da saga “The Sandman: Overture”:

The Sandman: Overture #1
The Sandman: Overture #2
The Sandman: Overture #3
The Sandman: Overture #5

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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