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HQ do Dia | Liga da Justiça América #1

Como tornar um dos times de super-heróis mais conhecidos e tradicionais dos quadrinhos interessante para novos leitores? Como vender a ideia de que ainda se pode extrair boas histórias de um time de personagens que já enfrentou praticamente tudo em sua extensa carreira? Como se vende um novo título da Liga da Justiça?

Para a DC Comics é uma receita muito fácil: reúna uma formação da Liga com seus personagens mais reconhecíveis pela grande massa, ponha a equipe nas mãos de um experiente e renomado artista da indústria de quadrinhos e diga ao cara que ele não precisa se preocupar com continuidade ou eventos atuais do Universo DC. Isto é Justice League of America.

A estreia do novo título da Liga escrito e ilustrado pelo super astro Bryan Hitch tem “climão” de blockbuster de final de semana e isso já começa na capa sétupla com ilustrações individuais de cada um dos componentes do time e no formato estendido com 58 páginas de história.

No misterioso roteiro de Hitch “algo” vai matar o Superman e consequentemente destruir todas as linhas temporais do Multiverso. O Homem de Aço descobre este fato através da estranha Corporação Infinito, que parece ter conhecimento de sua identidade secreta (que nesta revista ainda não foi revelada ao público) e não há muita informação adicional sobre a natureza da ameaça.

Leia mais: A lista completa das animações da DC Comics

Em paralelo um tradicional vilão do Universo DC é libertado de seu cativeiro e a Liga da Justiça é literalmente convidada a combatê-lo. Enquanto isso, Arthur Curry o monarca da Atlântida é alertado a respeito de uma ameaça iminente.HQ do Dia | Liga da Justiça América #1

Dá para notar um monte de pontas soltas nesta primeira edição do gibi e esta realmente é a intenção de Hitch nesta primeira parte do arco chamado “Poder e Glória”.

O autor apresenta logo nas primeiras páginas situações catastróficas para os protagonistas, escreve cenas de ação bem intensas envolvendo todo o elenco, introduz uma boa dose de mistério através da Corporação Infinito e termina a HQ com um gancho teoricamente grandioso.

No entanto o roteiro dá pouquíssimas pistas sobre a natureza dos acontecimentos, praticamente forçando o leitor a retornar para uma segunda edição se quiser entender alguma coisa. Apesar de primeiras edições muitas vezes se valerem deste tipo de artifício, a história de Hitch tende a sufocar o leitor com excesso de “cortinas de fumaça” e não há equilíbrio entre o que está sendo mostrado e o que ainda será revelado.

Não há nada de errado em iniciar um arco com situações misteriosas e oferecer poucas explicações. O problema é que para fazer isso o autor precisa ter competência para envolver sua audiência de maneira natural e Bryan Hitch ainda não chegou a esse ponto como roteirista.

Ou seja, em 58 páginas de história a única parte levemente empolgante são as cenas de ação nas quais a Liga enfrenta um vilão com o qual eles provavelmente já deveriam estar acostumados a lidar, mas que por algum motivo tem extrema dificuldade em derrotar.

O combate atrapalhado é interessante e estabelece que nesse tempo todo juntos este time ainda tem bastante dificuldade em trabalhar em equipe. O Batman continua sendo o sujeito mais sensato do time inteiro, então se você espera algo heroico vindo da Mulher Maravilha, Flash ou Lanterna Verde já pode se decepcionar.

A arte de Bryan Hitch nesta estreia é grandiosa. Isso é inegável. Dentro de seu estilo característico e com o auxílio de uma ótima equipe de arte finalistas, o ilustrador consegue apresentar a Liga como o time de pesos pesados que eles de fato são.

Se você é fã do traço de Hitch e não se incomoda com suas poses de ação meio desconjuntadas, as expressões faciais levemente confusas e a caracterização um pouco inconsistente, isto aqui é um prato cheio. A apresentação da história é bem nítida e os quadros são de fácil entendimento, no entanto a qualidade das ilustrações dependem muito do gosto do leitor. Enquanto alguns podem achar as cenas de ação magníficas, outros podem enxergar a parte gráfica como caricata e boba.

Liga da Justiça da América #1 é uma edição de estreia extremamente subjetiva. Se você curte arcos de mistério com desenvolvimento cadenciado e 58 páginas de “algo grande está vindo, mas nós não podemos falar sobre o que é ainda”, pode se divertir com esta leitura.

No entanto, o próprio Superman escrito por Hitch se irrita com o excesso de enrolação em determinado ponto da HQ. Sobre a arte, a coisa é mais subjetiva ainda. Bryan Hitch é mundialmente aclamado como um grande artista por conta de seus trabalhos nos Supremos da Marvel, todavia analisando friamente o sujeito aqui faz um trabalho que de fato só vai agradar quem é simpatizante de seu estilo de arte.

Liga da Justiça da América #1 cumpre o objetivo de oferecer uma história bastante amigável para novos leitores. Nada aqui é de difícil entendimento, muito pouco desta história se relaciona com o restante do Universo DC e temos um gibi que é ideal pra pegar e ler sem ter que consultar nada. Entretanto, só o tempo dirá se somente isto é suficiente para sustentar mais um título com os maiores heróis da DC por muito tempo.


Veja as outras resenhas dos primeiros títulos da DC pós-Convergence:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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