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HQ do Dia | iZombie – Vol. 1: Morri pro Mundo

Você gostou do seriado, leu o nosso guia inicial, mas é claro que antes de gastar dinheiro com um encadernado quer saber se vale a pena entrar no mundo de Gwen Dylan. A Panini acaba de lançar o primeiro volume encadernado da série da Vertigo criada por Michael Allred Chris Roberson chamado iZombie – Vol. 1 – Morri pro Mundo. A revista inclui as cinco primeiras edições de iZombie mais a história que deu origem a HQ publicada em The House of Mystery Halloween Annual #1 e algumas páginas extras com ilustrações bônus de Allred.

iZombie neste primeiro volume faz uma introdução ao elenco principal e ao conceito por trás da protagonista, Gwen Dylan, uma jovem coveira que tem que se alimentar de cérebros humanos para manter sua sanidade mental e física. Aqui descobrimos que ao se alimentar dos cérebros Gwen absorve memórias dos falecidos e no primeiro arco temos uma trama de investigação sobre um assassinato de uma dessas pessoas. Estas cinco primeiras edições servem para definir um tom e estabelecer uma premissa para o título, muito mais do que definir ou resolver alguma coisa. Então se você espera um arco fechado e com conclusão final, esqueça. Por se tratar de uma série que durou 28 edições muita coisa ainda tem de ser explicada (e será). O foco do argumento são as relações deizombie-capa Gwen com um elenco permeado de criaturas fantásticas e os conflitos existenciais da moça. Tudo isso abordado de maneira muito casual e despojada pelo autor Chris Roberson. Gwen é uma morta-viva e tem consciência disso, no entanto em iZombie a moça leva uma vida relativamente normal (guardadas as devidas proporções) assim como o elenco de coadjuvantes que vão desde Vampiros até fantasmas e Lobisomens. Todos são gente como eu e você, mas que de uma forma ou de outra são afetados pelas limitações de sua estranha condição. O autor dá pinceladas sobre as origens de cada elemento da HQ no final do arco através de uma conversa entre a protagonista e o misterioso John Amon assim como insinua o início de uma conturbada relação amorosa entre dois personagens, mas muitas pontas ficam soltas no final do encadernado e caso você se envolva com a história, vai ter que esperar os próximos volumes para ver o que rola. Em termos de roteiro, iZombie não apresenta nada de inovador ou muito original, afinal essa nem é a proposta dos autores. Os relacionamentos e a comédia de humor negro são as bases da revista e não uma premissa forte e inovadora. Portanto não espere uma história muito elaborada ou original. Em contrapartida o elenco aqui mostrado é sim bem característico e tem muita personalidade. Os diálogos são tão naturais quanto uma conversa entre amigos e o tom despojado da história torna a leitura prazerosa e extremamente leve. Portanto, pra quem quer ler uma HQ mais casual iZombie diverte sim.

A arte de Michael com colorização de sua esposa Laura Allred é de longe o destaque do encadernado e de toda a série. É fato que iZombie não seria o que é hoje em dia sem a caracterização deste elenco pelas mãos do fantástico ilustrador. Para quem não conhece Allred tem um traço extremamente limpo e é totalmente influenciado por arte pop dos anos 1960-70 e pelos desenhos de Jack Kirby. Portanto para quem curte um traço retrô de qualidade com caracterizações bem feitas, enquadramento simples e cores vibrantes iZombie é um banquete visual. Todo o acabamento deste primeiro arco é lindo e apesar de termos um elenco até bem grande o ilustrador não escorrega em momento algum, sempre mostrando expressões faciais convincentes e cheias de sentimento, além de quadros bem pensados e de fácil compreensão. A arte em iZombie carrega o argumento nas costas e a cidade de Eugene no Oregon tem uma personalidade incrível.

iZombie em termos de tom é muito mais uma HQ da Image Comics do que da Vertigo. O título não mostra muita violência, nem horror e nem temas muito adultos e sérios. Muito pelo contrário, a HQ é uma homenagem a personagens clássicos de horror em uma roupagem contemporânea e uma leitura leve sobre um elenco jovem e problemático em um universo fictício. O tom da revista é bem leve, apesar dos temas mórbidos retratados. Este primeiro encadernado dá ao leitor uma boa ideia sobre o plano geral da HQ: Temos uma história bem manjada e sem muita preocupação com originalidade ou grandes temas, no entanto o título apresenta uma protagonista marcante, um elenco forte e muito cativante e uma arte que fascina logo de cara e carrega todo o produto nas costas. Para quem busca uma leitura leve e sem complicações é uma boa pedida.

Leia minha última resenha: HQ do Dia | They’re not like us

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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