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HQ do Dia | Ghost Racers #1

Guerras Secretas, a mais recente saga do universo Marvel que junta diferentes realidades da história da editora, parece ter despertado as veias criativas mais primais de alguns profissionais envolvidos em suas séries tie ins.

Em algumas histórias pode-se ver claramente que o complexo conceito da saga de Jonathan Hickman foi aproveitado em títulos extremamente simples, baseados em uma premissa que dá para ser explicada em uma frase e se valendo de um roteiro que poderia ser escrito por uma criança de 10 anos de idade.

Este é o caso de Ghost Racers #1 de Felipe Smith e Juan Gedeon. Na edição de estreia do gibi (não tem outro nome que encaixe melhor), somos apresentados ao conceito dos Corredores Fantasmas – encarnações do Espírito da Vingança que são mantidos sob cárcere pelas forças do deus Victor Von Doom e forçados a correr periodicamente para o entretenimento da população da “Capital” do Mundo de Batalha, conhecida como Doomstadt.

O vencedor das corridas mantém sua liberdade enquanto os outros apodrecem em uma cela até uma próxima corrida. O elenco é pequeno, composto pelas versões mais clássicas do personagem, encarnadas por Johnny Blaze e Danny Ketch, seguidas da representação ancestral do personagem, Carter Slade e de Alejandra Blaze (A Motoqueira Fantasma durante a saga Essência do Medo). Estes acabam sendo os coadjuvantes para o verdadeiro protagonista da saga, Robbie Reyes, o atual Corredor Fantasma da editora.

HQ do Dia | Ghost Racers #1O roteiro de Felipe Smith em Ghost Racers é linear, desprovido de camadas e quase que completamente voltado para a corrida em questão. Os personagens são apresentados no meio do alvoroço da linha de largada através da narração do apresentador do evento, uma versão do vilão Arcade, e daí para frente é correria, explosões, batidas, xingamentos e violência em alta velocidade.

No final até temos uma breve passada na situação dos perdedores e do vencedor para estabelecer motivações, mas o foco da primeira edição é a correria acéfala e descontrolada. Se você não curte este modelo mais simples de quadrinhos não é uma opção de leitura recomendada, mas para quem cresceu lendo histórias nas quais o “aqui” e “agora” eram mais importantes do que os “porquês”, esta é uma opção extremamente sincera de entretenimento.

A arte de Juan Gedeon não parece nem um pouco impressionante nas primeiras 4 páginas da revista e você com certeza vai duvidar da capacidade do artista até que subitamente é dada a largada e o traço meio “sem sal” se transforma em uma atrocidade sobre rodas flamejantes disparando inferno, balas e correntes por tudo quanto é quadro.

A arte de Gedeon realmente se transforma abruptamente assim como os protagonistas, e é de longe (milhas de distância) o destaque da edição de estreia. A corrida é visualmente incrível, com variações de tomadas a todo o tempo, cortes abruptos, design cinético e um fluxo inteligível de ação. O redesign de alguns personagens como Alejandra Blaze e o “Centauro Zumbi Fantasma”, Carter Slade, são irrepreensíveis, verdadeiros presentes visuais para os fãs do Espírito da Vingança.

Com o término a corrida, as ilustrações de Gedeon intencionalmente se transformam novamente nos rabiscos monótonos e sem graça de outrora para contrastar com a parte da corrida. Uma sacada sutil e interessante do autor que dá ainda mais impacto às cenas durante a corrida.

Felipe Smith e Juan Gedeon podem ser acusados de várias coisas nesta estreia de Ghost Racers: o roteiro é simplório, raso e infantil? Sim. Os personagens são superficiais? Completamente. A história é somente uma desculpa para as cenas de ação? Com certeza.

O que não se pode falar da dupla é que não há sinceridade na proposta apresentada desde as prévias deste tie in. Ninguém prometeu uma leitura que vá explodir a sua cabeça e fazer você repensar toda a sua vida. Ninguém prometeu um elenco original e cheio de conflitos internos. E com certeza ninguém prometeu um novo clássico de arte sequencial.

Dito isto, no que se propõe, Ghost Racers atende quem quer um bom passatempo de alta octanagem com uma arte intencionalmente instável e descontrolada. A HQ não deve ser analisada muito profundamente. É ler, se divertir por 15 minutos, e partir para a próxima corrida. Se isso é pouco para você fique longe destes corredores.


Veja as demais resenhas de tie-ins de Guerras Secretas:

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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