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HQ do Dia | Cavaleiro das Trevas III #1

A hora chegou, Bat-Fãs.

Anunciada oficialmente em Dezembro do ano passado e desenvolvida por mais de 12 meses em uma colaboração conjunta entre os astros Frank Miller e Brian Azzarello com arte de Andy Kubert e Klaus Janson, finalmente hoje a primeira edição da terceira parte de Cavaleiro das Trevas chega às bancas americanas.

A série em oito partes retorna ao distópico universo criado por Frank Miller na década de 1980 em uma edição de estreia com 54 páginas, incluindo um pequeno epílogo estrelado pelo Átomo e desenhado pelo próprio Frank Miller.

A história desta primeira edição felizmente é independente o suficiente da tenebrosa parte anterior da saga para que um leitor não familiarizado com o contexto geral deste universo consiga apreciar. Logicamente se você tiver lido as outras incursões neste universo a coisa fica mais interessante e mais fácil, no entanto a falta de conhecimento prévio não prejudica a leitura por completo. Somos apresentados novamente ao futuro distópico na DC Comics no qual o Batman e muitos outros heróis não existem mais, ou tem uma atuação um pouco mais discreta nos acontecimentos mundiais desde o desastroso final da segunda parte da saga. Até que um retorno inesperado (adivinha quem?) coloca as coisas em movimento novamente em Gotham.Cavaleiro-das-Trevas-3

O roteiro de Azzarello e Miller é bastante equilibrado. Para quem estava esperando algum devaneio do velho Frank, fique tranquilo. A intervenção de Azzarello na composição da história mantém as rédeas narrativas para que o troço não descambe para o comentário político exacerbado e a crítica direitista do autor original some aqui. Apesar de não termos uma primeira edição lá muito agitada, temos um ritmo razoável, cenas marcantes e um gancho interessante ao seu final (antes do epílogo). A presença de alguns outros ícones da DC Comics é muito bem vinda e dá amplitude ao plano geral dos autores. Mas “Cavaleiro das Trevas III” não é só Azzarello dando remedinho pro Tio Frank. Os diálogos iniciais com caráter urbano (atualizado com muita sagacidade para os tempos modernos) são Miller purinho e as referências ao material não param por aí e estão presentes tanto nas cenas de luta urbanas bem grosseiras além daquelas clássicas páginas com comentários jornalísticos aleatórios. Isso tudo resulta em um roteiro que apesar de parecer meio sem rumo inicialmente, faz justiça à obra original deste querido universo.

A arte de Andy Kubert neste “Cavaleiro das Trevas III” não impressiona, mas tampouco decepciona. Dentro de seu estilo discreto e sem firulas, o ilustrador é impecável. Os “beats” de roteiro são nítidos em cada um de seus quadros, a caracterização é atual, mas sem se desviar muito da iconografia deste universo e as cenas de ação cumprem seu papel de maneira satisfatória. A finalização do mestre Klaus Janson dá aquela cara de “Cavaleiro das Trevas” para este gibi e as referências visuais à obra original se estendem até à colorização de Brad Anderson, que por vezes usa iluminação similar a cenas do antigo quadrinho.

“Cavaleiro das Trevas III” não estreia chutando a porta da frente, mijando no carpete da sala e chamando a mãe de vagabunda como muitos esperavam. Temos um início comedido e equilibrado, com uma apresentação de premissa ainda muito obscura, mas recheado de boas ideias que podem ser exploradas nas edições subsequentes. A colaboração Miller / Azzarello no roteiro está longe do genial ainda, mas garante um agradável retorno a este universo. Com uma arte que cumpre seu papel de “entregar o jornal de domingo”, “Cavaleiro das Trevas III” pode ser o início da redenção de uma franquia que se perdeu em uma segunda parte esdrúxula e desnecessária.

Leia também: HQ do Dia | Batman: Europa#1

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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