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HQ do dia | A Morte de Wolverine #4

Na primeira edição de A morte de Wolverine o autor Charles Soule introduziu o conceito da perda do fator de cura do mutante e da recompensa colocada em sua cabeça. Na segunda edição Logan parte para a decadente Madripor para investigar o responsável pelos atentados a sua vida. Na terceira edição o baixinho visita o Japão na trilha do misterioso contratante. Na quarta e última parte de sua derradeira aventura somos levados até Paradise Valley em Nevada onde Logan descobre e confronta fantasmas de seu passado.

Isso aqui é o fim de Wolverine. O roteirista novamente escreve uma edição muito mais focada nos aspectos visuais do que em explicações mirabolantes e reviravoltas death_of_wolverine_4complexas. Os diálogos e o conceito por trás de todo o arco final de Logan é muito simples e nem valeria o spoiler pois realmente não tem nada de especial. Isso não desmerece de forma alguma a maneira como Soule conduziu estas quatro edições e principalmente este capítulo final. Muitos podem questionar a simplicidade e até estupidez do destino final de Wolverine. No entanto, para um personagem envolvido nos riscos aos quais Logan se submeteu nestes últimos meses sem seu famoso fator de cura, a morte até que demorou para alcançá-lo. Logicamente pelos padrões Marvel Logan deve morrer de forma heróica e Soule cuida para que o destino final do solitário protagonista se cumpra dessa forma. Wolverine sacrifica sua vida não pelo bem da humanidade, mas para que atrocidades vividas em um passado distante não se perpetuem indefinidamente. Existe uma boa dose de melancolia e amargura nas reflexões finais do personagem, mas também um senso de alívio por ter sido muito mais do que um mero assassino em sua extensa história no Universo Marvel.

Por mais que o roteiro de Charles Soule tenha sido correto, divertido e tenha seus momentos épicos esta série não seria nada se não fosse pela arte magnífica de Steve McNiven. Em todas as edições sem exceção o artista supera todas as expectativas em relação a apresentação deste arco. Se você já é familiarizado com o trabalho de McNiven ainda assim vai se surpreender com as caracterizações em todos os capítulos desta mini-série. Em cada edição temos um Logan diferente: O motoqueiro, o trambiqueiro, o caolho, o samurai e o selvagem. Logicamente existem outras versões de Wolverine, mas a equipe criativa escolheu a dedo os maiores clássicos do nanico e criaram uma trama que levasse o leitor e fã do personagem a relembrar estas encarnações. Aqui McNiven novamente não nos poupa de ilustrações lindas, violentas e chocantes. As cenas em Nevada tem passagens grotescas que irradiam sofrimento e raiva por todos os quadros. O acabamento dos cenários e a fotografia novamente são impecáveis e você pode até torcer o nariz para o final escrito por Soule, mas fica impossível criticar a arte de Steve McNiven nas páginas finais desta edição.

As motivações da Marvel por trás de A morte de Wolverine são uma coisa totalmente separada do trabalho de Charles Soule e Steve McNiven. Ao fazer a crítica do arco prefiro deixar as suposições e críticas pessoais a este direcionamento de lado e analisar somente a HQ em si. O roteiro como já disse é uma violenta, triste e horrível caminhada ao crepúsculo e uma celebração do protagonista. Não existem muitas surpresas durante as quatro edições e o próprio Logan já meio que se conforma com seu fim iminente em algumas passagens. No geral a trama agrada pois usa a premissa de que um personagem exposto aos riscos que Logan esteve durante essa caminhada sem seu fator de cura inevitavelmente não sobreviveria por muito tempo mesmo. O clichê do “sacrifício por um bem maior”é usado de forma bem pessoal neste último capítulo, alguns podem achar óbvio, pessoalmente achei um fim digno, apesar de nada espetacular em termos de roteiro. A arte por sua vez carrega a mini-série nas costas e em cada uma destas edições nos presenteia com o melhor no que Logan faz. O que mais me agradou em A morte de Wolverine não foi o roteiro e sim foi a forma como a equipe criativa abraçou a natureza violenta, brutal e muitas vezes horrorosa do personagem. Algo que estava um pouco esquecido atualmente e ao menos em suas horas finais pode ser celebrado com carinho.

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Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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