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É POSSÍVEL SER FELIZ SEM MARVEL OU DC (Ou 6 HQs de outras editoras que você DEVERIA estar lendo AGORA)

Quem é melhor? Marvel ou DC? Desde que comecei a ler minhas Hulks e Batmans lá em 1988 (eu sou velho mesmo, foda-se) essa sempre me pareceu a pergunta mais recorrente entre os (poucos) fãs e leitores de HQs que me cercavam. Com o advento da internet a fanboyzagem (ou fanboyzice, como você preferir) antingiu níveis estratosféricos gerando discussões infinitas e sem propósito por todos os fóruns e redes sociais possíveis.

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O que a maioria dos fãs de quadrinhos não percebem é que as duas editoras nas últimas décadas se prenderam a moldes editoriais bem definidos e baseiam suas publicações muito mais na receita que elas podem gerar do que na qualidade do material. Editoras de menor exposição atualmente tem títulos muito superiores aos das “majors” pois rompem paradigmas estabelecidos e dão liberdade criativa e oportunidade aos seus autores.
Agora que todos os fãs das duas editoras estão devidamente e proporcionalmente PUTOS comigo posso apresentar o propósito do tópico que é: Mostrar a todos vocês que não é necessário gastar um tostão do seu rico dinheirinho atualmente nem com a DC nem com a Marvel para preencher seu tempo livre com quadrinhos de qualidade. Aqui eu apresento somente 6 títulos (existem muitos outros) de outras editoras que são melhores que qualquer coisa que você possa encontrar atualmente nas grandes editoras do mercado. Então larga essa porra desse Flash ou desses X-Men e dá uma olhada na listinha abaixo.

LAZARUS

LAZARUS-001-Cover-f7a81O roteirista Greg Rucka não é nenhum desconhecido. Seu trabalho em Gotham Central é referência pra qualquer autor iniciante em HQs criminais. Recentemente o cara fez um puta de um run em Justiceiro deixando Frank Castle silencioso e implacável.

Lazarus é seu mais novo filhote. O título da Image Comics é mistura de história de máfia com ficção apocalíptica e o escopo do universo criado pelo autor é gigantesco. Rucka criou um Planeta Terra com uma nova organização geopolítica baseada em mega-corporações familiares e inseriu uma personagem chamada Forever Carlyle que é a epítome da mulher “Bad Ass” nas HQs. Forever é uma espécie de Capitão América com Wolverine. Criada e treinada desde pequena para ser uma arma ao chegar a idade adulta a moça começa a questionar as motivações por trás de sua família.

Toda a HQ é desenhada soberbamente por Michael Lark. Lark é conhecido principalmente pelo seu trabalho no Demolidor ao lado de Brian Michael Bendis. Todo o design do mundo e personagens de Lazarus é de sua autoria o que torna a arte do cara mais especial ainda neste título.

Nada que eu possa escrever aqui vai conseguir descrever Lazarus de maneira justa, mas acreditem: Pra quem curte tramas de ficção e crime com um escopo global deveria estar lendo isso. A HQ é umas das coisas mais sérias, embasadas e grossas que li nos últimos anos. E eu APOSTO que se fizessem uma porra de uma adaptação pra TV vocês já estariam rasgando as calcinhas a cada novo episódio.

POWERS: THE BUREAU

Eu poderia muito bem ter recomendado Powers, a série original da editora Icon criada pela dupla Brian Michael Bendis e Michael Avon Oeming (que já está sendo adaptada para prv15180_cova TV via playstation). No entanto prefiro recomendar o segundo volume pois ele depende muito pouco do entendimento da série anterior e já começa com o pé no acelerador desde a primeira edição.

No mundo de Powers temos uma população super-humana gigantesca vivendo no nosso planeta e existem órgãos responsáveis por regulamentar e até punir esse tipo de pessoas. A detetive Deena Pilgrim e seu parceiro Christopher Walker são responsáveis por investigar e prender os mais estranhos seres e criminosos super-poderosos. Powers é uma série totalmente sem frescura. Aqui você consegue enxergar claramente como Brian Michael Bendis gosta de escrever seus diálogos: Ácidos, diretos, cheios de palavrões e referências pop ofensivas. A trama é cheia de bizarrices e a não existe chacota com super-heróis. A história é somente uma transposição da mitologia super-heróica para a nossa realidade feita por especialistas no assunto.

A arte de Avon Oeming é cartunesca e pra quem não está familiarizado lembra muito os desenhos de Bruce Timm na série animada do Batman na década de 1990. A arte simplificada é focada na ação e os personagens são visualmente marcantes, mas com um visual bem clean.

Powers é uma HQ de super-heróis protagonizada por dois seres-humanos normais e (quase) sem poderes em um mundo tão escroto quanto o que você vive. Esse é o apelo da série. Se você só conhece Bendis pelo seu trabalho na Marvel dê uma chance ao título autoral do cara. É 80 vezes melhor do que tudo que ele já escreveu na Marvel.

Archer & Armstrong

prv12794_covMeus caros fãs de mitologia e história antiga, que porra vocês estão fazendo lendo essa caralha dessa HQ do Thor e similiares se na editora Valiant você tem as histórias do imortal Aram Anni-Padda (apelidado Armstrong) e do jovem Obadiah Archer?

Archer and Armstrong é um reboot de uma antiga franquia criada pelas lendas Jim Shooter, Bob Layton e Barry Windsor-Smith em 1992. O título foi totalmente “revampeado” (acabo de inventar essa palavra, é um sinônimo para “recauchutada”) para a década atual e conta a história de um jovem que foi criado em uma comunidade religiosa fanática com o propósito de matar um demônio imortal. O demônio em questão é o imortal Armstrong (ele não é demônio de verdade, tá?) que vive caminhando, enchendo a cara e recitando poesia há séculos pelo Planeta Terra. Depois de alguns percalços, muita porrada e várias tentativas de assassinato os dois se unem com objetivos comuns.

A grande sacada do roteirista Fred Van Lente no reboot é misturar mitologia, ação, sociedades secretas, poesia e uma dose de humor e sarcasmo. Archer and Armstrong é apaixonante pela premissa sim, mas também pelas idéias loucas de Van Lente em seus arcos curtos e pelo cuidado em tratar cada personagem como um indivíduo. Uma das duplas mais divertidas dos quadrinhos atualmente e sem dúvida uma publicação que merece toda a atenção (ela deve ser adaptada para o cinema em breve) que tem recebido recentemente. 

Kings Watch

Aí você fala pra mim: – “Tá bom. Você me falou de uns três títulos meio “indie-hipster” aí, mas eu sou um fã de HQs tradicionais. Eu quero KingsWatch01-Cov-Laming-52e23heróis de verdade e não essa babaquice aí de cima.”

Beleza, pra você que é um fã de quadrinhos mais tradicionais e que não curte muito esse lance artístico que tem rolado no mercado atualmente nada melhor do que a minissérie em 5 partes da Dynamite Comics chamada Kings Watch. Primeiro que se você olha de cara para a linda capa da primeira edição vai notar a presença de três ícones eternos da cultura pop: Fantasma, Mandrake e Flash Gordon. Segundo que a HQ é escrita por um autor respeitado pelo seu trabalho na Marvel (atualmente ele escreve Aquaman na DC) como Jeff Parker. Terceiro que a mini é recheada de ação, suspense, tramas de escala global e momentos épicos desses baluartes da nossa querida mídia.

A arte é sensacional e a mini te deixa querendo uma continuação urgentemente. Kings Watch é uma HQ recheada de momentos clássicos de super-heróis, um elenco de respeito e é tão boa de ler (talvez a até melhor) quanto qualquer coisa atual dos Vingadores e da Liga da Justiça.

Quantum and Woody

QW_001_COVER_SOOK_8116bNa infância Eric e Woody Henderson eram irmãos adotivos inseparáveis. Mentes brilhantes. Melhores amigos. Hoje em dia são dois fracassados. Parentes afastados por mesquinharias, eles são obrigados a se unir para solucionar o assassinato de seu pai e tentam conviver em harmonia enquanto desvendam o crime.

Parece uma sinopse de um drama policial bem chato, não? Mas Quantum and Woody da editora Valiant não tem nada a ver com isso aí. Isso aqui trata-se da HQ mais engraçada e absurda da atualidade. Protagonizada por irmãos que recebem super-poderes de braceletes que devem ser tocados uma vez a cada 24 horas e um elenco que vai desde uma clone latina ninfomaníaca a um BODE super inteligente o humor da série é histérico. Não confunda histérico com caricato. Eric e Woody tem aquela dinâmica peculiar de filmes de ação da década de 1980-90 como Máquina Mortífera na qual dois indivíduos opostos são obrigados a conviver juntos. A premissa é clichê, mas a execução é soberba.

O roteiro de James Asmus é uma porrada na sua cara de tão direto e sem frescuras e as situações e diálogos absurdos vão fazer você largar essa HQ do Deadpool na hora. Vale lembrar que Quantum and Woody é um reboot de uma franquia original da Valiant que foi adquirida pela Acclaim Entertainment, mas ninguém se importa com isso. Pegue esta porra e e tente ler sem rir. Eu te desafio.

Saga

Mas é CLARO, LÓGICO E EVIDENTE que pra fazer um tipo de lista como essa o indivíduo com o mínimo de bom senso e conhecimento de HQprv10802_cov tem que colocar a ópera pornográfica-espacial de Brian K. Vaughan e Fiona Staples. Eu poderia enumerar uns 20 motivos aqui pra você comprar AGORA este título e amá-lo pro resto da sua vida, mas você se espantaria com o tamanho do parágrafo e nem continuaria lendo (se é que você teve saco de ler até aqui).

Resumidamente Saga é um romance espacial entre dois soldados em uma guerra interplanetária entre raças que se odeiam há milênios. A HQ é contada lindamente em forma de memórias sob o ponto de vista da filha de Marko e Alana, a pequena Hazel.

A sensibilidade de Vaughan se choca contra as noções perturbadoras que o autor tem sobre o conceito de ficção. A HQ alterna momentos doces com cenas extremamente bizarras e chocantes. O design dos personagens e toda a arte da LINDA (coraçãozinho pra tu) Fiona Staples é diferente de tudo que você já viu em termos de HQ. E o roteiro é implacável não deixando você se acomodar em momento algum.

História Real: Recentemente dei o primeiro volume de Saga de presente a um amigo e ele me contactou de Nova York (eu moro no Rio de Janeiro) agradecendo após ter lido tudo em um impressionante intervalo de umas 8 horas. O cara não lia HQs há vários anos e agora é um fã da série.

Ah e se você liga pra esse tipo de coisa Saga é ganhadora de diversos prêmios Eisner incluindo melhor série regular de 2013. Faça um favor pra si mesmo e leia esta porra.

Ah, e se você quer saber mais sobre Saga, leia a nossa entrevista exclusiva com a artista do título, Fiona Staples aqui.

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Tá aí a listinha. Se você não ficou puto com a introdução do artigo talvez tenha identificado alguma coisa que o apeteça acima. Espero tê-lo ajudado a sair dessa “murrinha” de Marvel e DC. Tenho certeza que lendo alguma coisa daí você vai perceber que eu tenho embasamento pra minhas afirmações escrotas no início do post.

Escrito por Igor Tavares

Carioca do Penhão. HQ e Videogames desde 1988. Bateria desde 1996. Figuras de ação desde 1997. Impropérios aleatórios desde 1983.

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