Igor Tavares A Marvel é recheada de rivalidades tradicionais: Capitão América vs Caveira Vermelha, Doutor Destino vs Reed Richards, Wolverine vs Dentes-de-Sabre, entre outras. Adversários recorrentes com rinhas exploradas em diversos arcos durante toda a história da editora…
Corta para Wade Wilson e Thanos! O que diabos o mercenário falastrão degenerado tem a ver com o flagelo cósmico do universo Marvel? A Morte! Não. Não a morte no sentido etéreo e filosófico do cessamento da existência, mas sim a personagem da editora que representa a grande ceifadora das vidas de sua população. A paixão dos dois pela personagem parece ser motivo suficiente para uma disputa de “mijo à distância”.
Deadpool vs. Thanos é uma minissérie bi-semanal em quatro edições lançada esta semana pela Marvel que
(como quase todas as minisséries envolvendo Deadpool) flutua graciosamente em uma região “acronológica” da editora. Ou seja, a história se passa antes do lançamento da nova série do Deadpool, no período conhecido como “Pré-Marvel Now!” (ou “Nova Marvel!” como é conhecida aqui no Brasil), mas sem muito vínculo com aquela fase em termos de panorama geral.
A história escrita por Tim Seely (co-autor de Grayson na Distinta Concorrência) e ilustrada por Elmo Bondos (recentemente escalado para desenhar Ms. Marvel) apresenta um Wade Wilson no período em que foi amaldiçoado por Thanos estando impossibilitado de morrer (Lembram disso?).
O problema é que alguém sequestrou a dona Morte e, como a moça é a paixão tanto de Thanos quanto de Deadpool, você pode ter uma pequena ideia de que os dois eventualmente irão se esbarrar para encontrá-la.
Com o sequestro da Morte acontece aquele fenômeno muito “raro” nos quadrinhos de super-heróis, que consiste em toda a população do universo estar impossibilitada de morrer e se tornar zumbis… É… Zumbis… De novo…
Após o breve e burocrático “quebra-pau” entre o Titã e o Degenerado, em uma edição que prepara a premissa de um team-up, temos finalmente os dois personagens unindo esforços para salvar a donzela em apuros.
Só pela breve sinopse dá para notar a falta de originalidade gritante na premissa de Tim Seely. Ok. Isso nunca foi um problema em histórias em quadrinhos, principalmente envolvendo Deadpool nos últimos 10 anos – estamos falando de um personagem cuja mensal é escrita por Gerry Duggan, afinal de contas.
Seely tem seus méritos por introduzir a situação entre os dois protagonistas de maneira engraçada e clara. O autor também faz um trabalho muito bacana nos diálogos, claramente se divertindo enquanto escreve as falas de Wade e dando aquele ar arrogante e vilanesco que tanto amamos ver em Thanos.
O ritmo da primeira edição é mais lento do que se pode imaginar, com uma sessão de explanação um pouco excessiva, principalmente nas cenas entre Deadpool e o chamado Black Talon. Ali, apesar da grande quantidade de piadas envolvendo o interlocutor, o roteirista não consegue disfarçar muito bem a exposição de trama e integrá-la ao fluxo da história.
A primeira edição é recheada de aparições, dentre as quais podemos citar Cable, os Vingadores e até a saudosa versão de Dan Abnett e Andy Lanning dos Guardiões da Galáxia. A história segue o balanço cômico/violento das publicações envolvendo Deadpool, mas sinceramente não vai te fazer gargalhar. No mínimo um sorrisinho com alguma piada referencial.
A arte de Elmo Bondos segue uma linha cartunesca interessante e, no geral, atende as necessidades do roteiro de Seely. No entanto, nota-se uma certa dificuldade no gerenciamento de quadros com elenco grande, principalmente nas cenas de explanação. Talvez seja um problema de interação roteiro-arte, mas o fato é que quando o autor precisa de vários personagens diferentes em cena, a qualidade do traço não é a mesma em comparação às cenas com menos figuras.
Isso gera uma pequena poluição visual, que é acentuada pela grande quantidade de balões de fala nos quadros (afinal é um gibi do Deadpool com Thanos e os dois personagens falam para caralho). Nada que prejudique a sua leitura, mas esta arte está longe de ter algo de sensacional.
Deadpool vs Thanos se vende sozinha. Primeiramente porque Deadpool vende muito, independente da qualidade do material publicado em seu nome (vide a mensal). Segundo porque esta é uma história fechada e meio destacada da cronologia. Terceiro porque Thanos é uma personalidade magnética na Marvel e, tendo em vista o recente aumento de sua popularidade devido aos filmes, o personagem está com um alto atrativo para os leitores.
O fato é que, analisando esta primeira edição, temos um material relativamente divertido, com arte decente, mas uma premissa bastante manjada e um ritmo que poderia ser mais veloz. Como leitura casual, ela vai te atender e vai te divertir, mas ainda assim existem coisas sendo publicadas na própria Marvel que valem mais o seu dinheiro do que isso aqui.
