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A vida Que Enterramos | Quando a empatia transborda os limites da complexidade

Quando li a sinopse de A vida Que Enterramos, da editora Intrínseca, fiquei curiosíssima para saber mais dessa história. Escrito por Allen Eskens, advogado criminalista, que se atirou no universo da escrita criativa e que com “A Vida que Enterramos“, seu primeiro livro publicado, já ganhou o premio Rosebud Award de Melhor Primeiro Livro de Mistério em 2014. Só com estas informações o livro já chamou minha atenção.

A Vida Que Enterramos narra a história do jovem Joe Talbert. Joe está desesperado para concluir um trabalho da faculdade, em que precisa escrever a biografia de alguma pessoa. Com os prazos de entrega do trabalho se aproximando, Joe decide visitar um asilo e entrevistar algum idoso do lugar, lá ele conhece Carl Iverson, um veterano de guerra com apenas alguns meses de vida. Carl foi internado como liberdade condicional devido ao estágio avançado do câncer, depois de trinta anos preso pelo assassinato e estupro de uma adolescente. Conforme Joe vai conhecendo Carl e escrevendo sua história, ele começa a ter dificuldades de conciliar o heroísmo de Carl durante a guerra com o desprezível crime que o mesmo cometeu. Junto com Lila, sua vizinha, Joe se lança em uma busca pela verdade, lidando ainda com a mãe disfuncional e a culpa de deixar seu irmão autista sozinho. Peça por peça, Joe vai desvendando a intricada história de Carl. Mas será que Joe conseguirá encontrar a verdade?

A história já começa agitada quando ficamos sabendo que Joe não tem uma vida nada fácil, uma mãe alcoólatra com certo grau de esquizofrenia, um irmão que tem autismo e fica sob os cuidados da mãe, um conflito de culpa e responsabilidade entre seguir a vida, e fazer faculdade ou ficar preso a essa família disfuncional e proteger o irmão. Considerando só a vida de Joe, já temos uma história muito complexa e bem montada.

Então soma-se a vida de Joe o trabalho da faculdade e ele conhece Carl. Todos os envolvidos não têm duvidas da culpa de Carl no crime cometido contra os adolescentes trinta anos antes, mas ao longo das entrevistas para a biografia, que ocorrem aos poucos devido ao câncer de Carl e os problemas pessoais de Joe, ele percebe que há muito mais na historia de Carl do que todos pensam.

Carl é um personagem bem interessante, resignado com sua sentença e sua doença, e com uma historia de heroísmo na guerra, onde salvou a vida de seu amigo e por outro lado com a acusação de um crime tão hediondo. Tanto para Joe quanto para nós leitores, fica claro que tem mais coisa nessa história. É um personagem muito rico, e o autor realmente foi detalhista nos sentimentos e conflitos de Carl. Chegamos a um ponto em que compreendemos os sentimentos de Carl e queremos acreditar na sua inocência.

Ao longo das entrevistas, Joe e Carl começam uma brincadeira da verdade, onde ambos acabam abrindo os corações e partilhando traumas e culpas que sentem. E com isso, eles vão se ajudando, superando e entendendo como chegaram a tais sentimentos. Enquanto isso, nós leitores ficamos vidrados, curiosos e interessados em quais as novas revelações que irão acontecer. O jogo psicológico do livro nesse ponto é fenomenal.

Joe e Carl vão se aproximando, e vira uma questão de honra a Joe descobrir a verdade sobre o crime de Carl, ele acredita piamente em sua inocência, e junto com Lila, sua vizinha cética e Jeremy seu irmão, movem montanhas e arriscam suas vidas para provar a inocência de Carl.

A Vida Que Enterramos é um thriller muito bem escrito, onde as peças desse quebra cabeça é nos dado aos poucos, o que faz com que a leitura seja sempre interessante e cheia de novas descobertas. Não tem um único momento durante a leitura em que o marasmo chegue perto, é uma leitura extremamente dinâmica e prazerosa. Definitivamente é um daqueles livros pra se ler de uma vez só sem dificuldade nenhuma. Além disso, a escrita é super simples e mesmo as coisas mais complexas, como entender como a lei americana funciona é tão bem explicado que não deixa nenhuma duvida ao leitor.

Rola uma empatia por todos os personagens e, inclusive a mãe de Joe, que é complicada, ganha nossa compaixão. Joe e suas dualidades e sentimentos de culpa mas ainda forte e nada resignado, nos impele a não julgar um livro pela capa ao entrevistar Carl tentando não julgar seu caráter e entendendo como as dificuldades de uma vida levam as pessoas a agir.

É um livro muito impressionante, seja pela história, pelo final surpreendente ou pela qualidade de diagramação e edição. E mostra com toda a clareza, que Allen Eskens acertou em cheio nesse thriller e seu talento é notório. Eu pelo menos já aguardo ansiosamente por mais livros do autor.

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Escrito por Débora Mello

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