James Dean – O Jovem que Imortalizou a Rebeldia

Considerado por muitos um ícone da cultura pop e também a personificação da rebeldia da juventude, chegou a vez de falar um pouco mais sobre um dos queridinhos de Hollywood, odiado entre as famílias conservadoras dos anos 50: James Dean.

Como um ator que fez poucos filmes é lembrado até hoje? Isso foi a primeira coisa que eu pensei antes de assistir os 3 filmes protagonizados por James Dean. É comum achar que ele era somente um “rostinho bonito”, até conhecer um pouco de sua história e assistir aos seus filmes.

Um dos homens mais bonitos da história do cinema, que ficou em 33º lugar na lista das 100 maiores estrelas do cinema de todos os tempos, realizada pela revista britânica Empire. Ele possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 1719 Vine Street, e roubou o coração das mocinhas, e até mesmo dos mocinhos nos anos 50. Um rebelde além das telonas.

James Byron Dean nasceu em 8 de fevereiro de 1931, e era filho único. Seu nome foi uma homenagem da mãe ao poeta inglês Lord Byron.

Aos 8 anos ele já tocava violino e fazia aulas de sapateado. Aos 9, perdeu a mãe, vítima de câncer, e foi morar com os tios em Indiana. Aos 14, já participava do teatro escolar e aos 17, ganhou sua primeira moto, uma Triumph. Ele amava correr, costumava dizer que se sentia vivo com isso.

Em seu aniversário de 18 anos, em 8 de fevereiro de 1948, se alistou em Fairmont, mas escapou do serviço militar, declarando ser gay. O que, na época, era uma ofensa. O ator afirmou em entrevistas, já famoso, que evitou a convocação para a Guerra da Coréia beijando o médico. Em 1949, James Dean foi para Los Angeles, com a intenção de estudar arte dramática e morar com o pai e a madrasta. Ganhou dele um Chevrolet de segunda mão, abandonou a faculdade e foi para Nova York cursar o lendário Actor’s Studio de Lee Strasberg. Para se manter em Nova York, trabalhou como garçom e cobrador de ônibus. Nesta mesma época conheceu Jane Deacy, que se tornou sua agente.

Em 1952, começou a fazer pequenas pontas na TV. Em 1953, encenou na Broadway a peça de Richard Wash “See the Jaguar“. A peça foi um fracasso, mas James Dean chamou a atenção da crítica. Encenou a Peça “O Imoralista“, baseada na obra de Andre Gide, interpretando um homossexual. Com a peça, ganhou o Tony Award de melhor ator do ano.

Enquanto James Dean era uma promessa, Marlon Brando já era um astro. Em todos os tabloides haviam comparações, e não era para menos, eles eram visualmente semelhantes.

Mas na realidade eles não eram nada próximos. James Dean chegou a conhecer Brando no set de filmagem de “Desirée“, mas se decepcionou com seu ídolo graças a um comentário feito por Brando sobre as roupas do jovem ator. Ele usava calças jeans surradas e camisa de caubói.

Em 1954, conheceu a jovem estrela do longa “O Cálice Sagrado“, a atriz Pier Angeli, que para muitos foi o grande amor de sua vida, e para outros, a sua destruição. A mãe de Pier foi contra o relacionamento, porque o jovem não era religioso.

James Dean que já era conhecido por seu temperamento difícil. Com o rompimento do namoro, se abalou mais ainda. Ao saber que a ex-namorada estava de casamento marcado com o cantor Vic Damone, apareceu na porta da Igreja Católica de São Timóteo e conseguiu chamar a atenção dos noivos como se fosse uma de suas cenas de filme, “arrancando” com a moto em alta velocidade.

Durante as gravações de “Assim caminha a Humanidade“, James Dean circulava com Ursula Andress, atriz que veio a ser a primeira Bond Girl.

Em entrevistas, a moça afirmou que ele era “como um animal selvagem e indomável”.

Fora dos sets de filmagem, ele era conhecido pela vida social rebelde. Fumava e bebia sem parar, e possuía um enorme fascínio por carros velozes. Principalmente por seu Porsche, carro pelo qual era perdidamente apaixonando.

Paixão essa que lhe custou a vida. Quando ele se dirigia para uma corrida, em 30 de setembro de 1955, ocorreu um acidente fatal, partindo imediatamente a coluna vertebral do astro, que sofreu várias hemorragias internas e não resistiu aos ferimentos. No necrotério, o legista observou que o corpo dele era coberto de cicatrizes. Isso porque num bar de Hollywood, ele era conhecido como “Cinzeiro Humano“, e costumava oferecer seu peito para que as pessoas apagassem seus cigarros. Ele está enterrado no Park Cemetery, seu túmulo é visitado diariamente por fãs.

A ironia trágica, é que horas antes do acidente que o mataria, James Dean deu uma entrevista em promoção ao filme que ainda não havia sido lançado, e falou que pretendia influenciar os jovens que andam em alta velocidade nas estradas para irem mais devagar no trânsito.

No dia em que morreu, Dean ainda esgotava ingressos com o seu primeiro filme. A consagração final chegou poucos dias após a fatalidade, quando o filme que alertaria jovens, chegou ao cinema e emocionou gerações: “Juventude Transviada“, até hoje é um ícone da cultura pop, pelo figurino, pela ideia, e pela imortalização da juventude e de Dean.

Ele protagonizou apenas 3 filmes:

Assim Caminha a Humanidade (1956) – George Stevens

O filme conta com a musa Elizabeth Taylor e com o sensacional Rock Hudson. Atores que foram imortalizados na sétima arte, assim como Dean. “Giant” é um filme inovador em vários aspectos, como crítica ao patriarcalismo, ao tratamento dispensado aos mexicanos e seus descendentes, entre outros. Retrata as disputas entre pecuaristas e exploradores de petróleo do velho ao novo Texas.

Curiosidade: em uma das tomadas, James Dean saiu de mansinho das filmagens para assistir a uma corrida de carros, sendo que todos já estavam prontos para gravar. Típico ato de jovem rebelde.

Vidas Amargas (1955) – Elia Kazan

O filme que deu o primeiro grande papel e a indicação ao Oscar para James Dean, que possui uma carga dramática shakespeariana e trouxe para as telonas uma discussão filosófica sobre o lado bom e ruim das pessoas. Uma verdadeira aula de observação. O elenco formado por alguns atores reconhecidos da Broadway, desenvolve um fantástico trabalho. Especialmente por Julie Harris, atriz que faz o papel do “elo romântico” entre os irmãos. Paul Osborn escreveu um excelente roteiro baseado na segunda metade do livro “East of Eden” de John Steinbeck.

Curiosidade: para estrelar o filme, James Dean teve que assinar um contrato com uma cláusula em que se comprometia a não dirigir carros de corrida durante as filmagens. Coisa que ele não gostou nada, como você pode imaginar.

Juventude Transviada (1955) – Nicholas Ray

No longa, James Dean retratou primorosamente o pensamento, costume e personalidade do jovem revolucionário dos anos 50. Se tornou um ícone mesmo após sua morte. Sua jaqueta vermelha de couro, sua faceta em ganhar corações, ele rompe com o conservadorismo familiar. Um filme que enfatiza aspectos psicológicos e sociológicos da juventude e da rebeldia. A sua narrativa captura a essência do que é verdadeiramente ser jovem, a busca por aventura, arriscar tudo sem se preocupar com o dia seguinte, viver intensamente. Ele sem querer eternizou a juventude e a rebeldia no cinema, e infelizmente morreu antes de ver seu longa ser consagrado por todo mundo.

Sua indicação por “Vidas Amargas” foi a 1ª indicação póstuma de um ator na história da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Sua indicação por “Assim Caminha a Humanidade” foi a 2ª. Ele é o único ator a ter recebido mais de uma indicação póstuma ao Oscar na história da premiação. Atuou apenas como figurante em “O Marujo Vai na Onda”, “Fixed Bayonets”, “Sinfonia Prateada” e “Atalhos do Destino”.

Dean é um dos cinco atores que recebeu uma indicação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na categoria de melhor ator em uma de suas cinco primeiras aparições no cinema. Ganhou dois prêmios do Globo de Ouro, em 1956 como melhor ator e, no ano seguinte, num prêmio especial que o consagrou como ator favorito do público.

O jovem que também sonhava em ser escritor. Foi imortalizado na canção “Rock On“, interpretada por David Essex. Assim como Paul Walker, James Dean foi uma das mortes prematuras do cinema, aos 24 anos, deixou sua última atuação nos marcar profundamente, inclusive pelo fato de amar corridas e pela exibição póstuma.

Ele foi e continua sendo a base do pensamento “morra jovem, viva sempre”. E também deu origem a admiração por jovens rebeldes e atraentes com jaqueta de couro, no cinema, e na vida real, muito antes de John Travolta brilhar em Grease.

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Muitos dizem que James Dean, caso não tivesse morrido, seria esquecido com o passar dos anos. Coisa que eu particularmente não acredito, até porque ele foi meu primeiro amor platônico cinematográfico. O fato é que a sua carreira meteórica, durou apenas 16 meses, o consagrou como um ícone de uma geração e merece ser compartilhada com a minha legião favorita.