Barbara Ansatsu Kyoushitsu (literalmente “Classe de Assassinato”) foi lançado em Janeiro deste ano e chegou ao fim de sua primeira temporada recentemente. A história do anime gira em torno da classe 3-E, da Escola Kunugigaoka. Nesse colégio o ensino é levado muito a sério e seu sistema funciona na base da pressão psicológica.
Isso porque as turmas são classificadas com A, B, C, D e E. Creio que não preciso explicar muito para que você, leitor, compreenda que E não deve significar coisa boa nessa escala hierárquica.
Pois é exatamente o que parece, porém um pouco pior. Os integrantes dessa turma conhecida como 3-E são tidos como os alunos sem correção, aqueles cujo desempenho acadêmico e/ou comportamental é tão negativo que seria uma vergonha para a escola tê-los circulando pelos seus corredores.
Isso mesmo, existe uma marginalização dentro desse colégio, de forma que os alunos da classe E assistem aulas em um campus completamente isolado e não possuem qualquer tipo de interação com os demais estudantes, chegando ao ponto de serem vetados de campeonatos esportivos.
Se já não bastasse a atipicidade atrelada à essa turma por livre e espontânea pressão da direção da escola, logo no começo do primeiro episódio aparece o professor da classe 3-E. Um ser de cor amarela, com uma cabeça redonda que mais parece um rostinho daqueles “smiles”, vestindo uma roupa preta e segurando o giz com um dos seus vários tentáculos.
Mas, calma! Tem mais. Assim que o professor dá as costas, todos os alunos se levantam de suas cadeiras – portando armas – e começam a disparar como se não houvesse amanhã, na tentativa de assassinar aquele espécime de polvo amarelo.
Acontece que aquele alienígena amarelo é na verdade um vilão perigosíssimo que se movimenta em uma velocidade conhecida como Mach-20. Em contato com o governo japonês, esse vilão informa que dentro de um ano iria destruir todo o planeta Terra, assim como já havia destruído parte da Lua anteriormente.
Porém, até que o prazo termine ele pede para que possa dar aulas em uma escola e, em contrapartida, os alunos de sua classe poderiam mata-lo, caso conseguissem. Assim sendo, o serviço secreto do Japão fornece munição para os alunos, capaz de causar danos, bem como armas não letais para humanos, porém fatais para o monstro.
Por ser extremamente rápido e praticamente invencível, os alunos da classe 3-E começaram a chamar seu professor de Koro-sensei (o nome foi adotado a partir da palavra “Korosenai”, que significa “não pode ser morto” ou “imortal”).
Além de munição, os alunos passam a receber um treinamento básico de assassinato com Karasuma, membro do Ministério da Defesa do Japão e, ao longo do anime, vários outros assassinos são convocados como reforços para tentar dar um fim à esta ameaça. Por incrível que pareça, Koro-sensei é extremamente esforçado em seus deveres como professor e grande parte de suas atitudes e decisões são pensando no crescimento de um de seus alunos.
Ansatsu Kyoushitsu foi um anime que me deixou bastante curiosa e confusa, de um bom jeito. Isso porque Koro-sensei – apesar de ser um vilão declarado desde o começo do anime – é um personagem super carismático, que demonstra total preocupação e cuidado com seus alunos e também protagoniza diversas cenas de humor.
É aquela crise existencial de gostar do vilão tanto ao ponto de esquecer que ele é o inimigo da história. A confusão que recaiu sobre mim foi em relação ao motivo desse alienígena esperar um ano para destruir o planeta e além disso ainda querer passar esse tempo dando aula para adolescentes.
Durante algum tempo fiquei me questionando se o anime me decepcionaria ao ponto de não explicar ou deixar em aberto qualquer possível justificativa pra essa confusão que se alojou em minha mente.
E então é revelado que Koro-sensei fez uma promessa para alguém. Somado à essa nova informação, alguns “flashs” sobre o passado do professor começam a apontar durante os episódios. A partir daí, essa confusão se tornou algo agradável de se cultivar, uma vez que eu sabia que em determinado ponto a explicação apareceria.
Se ela apareceu ou não, vou deixar que você assista e descubra, mas já deixo adiantado que, felizmente, já foi prometida uma segunda temporada, que vai ser lançada em 2016. Resta saber se a curiosidade vai permitir esperar até lá.
De modo geral, o anime me chamou atenção desde o começo pelo seu enredo diferente. A meu ver, com uma trama original e bem desenvolvida como essa não tem como não se interessar pelo próximo episódio.
Além do vilão Koro-sensei, a história foca no desenvolvimento pessoal de vários alunos da classe 3-E, como o protagonista andrógino, Nagisa Shiota e Karma Akabane, o aluno exemplar que não consegue ficar sem se envolver em brigas, além de vários outros. Ao longo da animação é possível acompanhar o crescimento desses alunos de forma coerente (para os padrões de um anime em que um alienígena amarelo dá aulas enquanto espera para acabar com a Terra).
Outros dois pontos me agradaram muito. Primeiro, o humor. A dosagem de humor é milimetricamente perfeita e diversas vezes me peguei rindo, principalmente do carismático Koro-sensei e suas técnicas de punição alternativas (já que ele não pode ferir nenhum aluno).
O segundo ponto foram as referências que o anime faz vez ou outra com outras animações, como Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e One Piece, onde um personagem aparece lendo uma edição da Weekly Shonen Jump, cuja capa é ninguém menos que Usopp, integrante do bando dos Chapéus de Palha. Detalhes assim somam positivamente à obra, em minha opinião.
Se você está à procura de um anime novo para assistir eu já deixo aqui uma indicação certa. Não espere mais, vá assistir e depois volte aqui e me diga o que achou!
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